quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Senhor Gauss

O tempo passa com a dolência de outros dias. O coração bate seguindo cadências de outros tempos, sem pressa, sem pausa, ao ritmo certo. Os dias passam e tudo parece seguir o caminho traçado, por alguém que não eu. Nem sempre quem traça o caminho é o seu dono, mas sim quem o percorre. O caminho agora é meu. 
O rosto que me olha no espelho já me sorri e, aqueles que se cruzam com ele na rua, respondem-lhe da mesma maneira, como se a alegria de um só pudesse significar a felicidade de tantos. Atiram-se bocados de solidão ao lixo, porque já não há sítio para os guardar. Está tudo ocupado com outras coisas. Quem sabe arrumar as gavetas da alma hoje, saberá onde encontrar o que nela procura amanhã. E assim faço. 
Hoje a curva normal sorri-me. E amanhã também.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Coisas-que-não-sei-pra-que-servem #2

Saudações, amigos. Como sempre, é a vós que recorro quando a vida me apresenta charadas que não consigo decifrar (e são tantas). Nem todas cabem em palavras escritas e impressas e muito dificilmente haveria um disco com capacidade para correr tanta informação sem “enguiçar”. Digo isto porque o meu cérebro, apesar de jeitosinho, também não se pode dizer que funcione na perfeição com tanta dúvida existencial. Assim, numa continuação contínua de continuidade à massagem das sinapsezitas preguiçosas do meu cérebro, aqui deixo mais umas reflexões para que possamos todos meditar. Ou simplesmente dar as mãos e cantar o kumbaya (em falsete).

Primeira coisa: as sobrancelhas
Para quê? É a pergunta que não quer calar. Há todo um conjunto de pilosidades devidamente justificáveis e justificadas pela ciência e seus dignos representantes. Os pelitos e cílios da vida, segundo dizem os experts (ou espertos), servem pra impedirem os bicharocos (leia-se micróbios, bactérias e outros seres que podem fazer dói-doi) de entrar no nosso corpo. As pilosidadezitas normalmente encontram-se estrategicamente colocadas em locais de entrada e saída (de ar, xixi, ranhoca e outras cenas), precisamente para impedir que os agentes patológicos (bicharocos) tenham ali uma barreirazita que os impeça de se armarem em engraçadinhos e nos façam ficar doentes. O que não percebo é para que servem estes dois tufitos de pêlo em cima dos olhos... A sério. Para quê? É para darem que fazer à pinça? É para que a esteticista ganhe os 5€ mais rápidos/fáceis da sua vida? Ou é para a expressão facial de "Ui, desconfio, maroto!" ter mais graça? O bigodinho ainda percebo, é pra proteger a boquita, via por onde entra ar e comida e por onde saem ar e disparates. Expliquem-me por favor p'ra que servem estes dois empecilhos. 

Segunda coisa: o sinal de trânsito "acautela-te que pode cair calhau"
Este, amigos, é a jóia da coroa. O génio que inventou este sinal de trânsito não deve ter feito mais nada da vida, depois de ter cumprido plenamente a missão de marcar a Humanidade para todo o sempre com a sua sapiência. Ora, o que me intriga é basicamente isto: o que é que é suposto a pessoa fazer com este rico pedaço de informação? Então, cá vou eu na estrada, não é? Toda contente, trauteando uma balada de Tony Carreira, e vejo este sinal. Qual a atitude correcta? Ignorar? Acelerar? Travar a fundo? Começar a rezar e esperar que Deus Nosso Senhor tenha piedade de mim e segure as pedras com o seu dedito Divino até passar outro desgraçado que leve com aquilo em cima? Sim, porque se a pessoa vir o sinal das crianças a passar ou o da vaca que pode aparecer sabe que é suposto ir com mais atenção e mais devagar para qualquer eventualidade. Mas com o perigo de queda de pedras será que queremos mesmo ir mais devagar? Basicamente o que o génio criativo por detrás deste sinal nos está a dizer é: "Ouve, tou-te a avisar, podes levar com uns quantos pedregulhos na tromba por isso não digas que não sabias, percebes? Fazer alguma coisa para os tirar daqui dava demasiado trabalho portanto ficas prevenida. Não te estou a pedir para fazeres nada, só para teres noção que pode acontecer, para o caso de quereres estar informada." Este sinal de trânsito deve ser equivalente a um à entrada de uma ponte a avisar que pode haver um terramoto. Serve para alguma coisa? Não sei, digam-me vocês por favor!

Terceira coisa: bocejar
É importante referir que esta coisa-que-não-sei-pra-que-serve, apesar de, como o próprio nome indica, não saber pra que serve, me dá muita satisfação. Mas, porque até as coisas boas merecem ser questionadas, aqui vai. Ora então, estamos cansados, com sono, com preguiça, queríamos a nossa cama, o nosso edredon, o nosso peluche da águia Vitória para nos enroscarmos todos e dormirmos um soninho maravilhoso, e o que é que fazemos? Abrimos a boca até ao limite (às vezes até estalam os ossitos) e mostramos a cremalheira toda. Há vários fenómenos curiosos associados ao acto de bocejar: um ligeiro lacrimejar dos olhitos, do tipo "isto é tão bom, queria tanto uma sesta que só me apetece chorar"; é um fenómeno que quando é iniciado tem uma ocorrência cada vez mais frequente, quase como as contracções no parto "olha, já boceja a cada 5 minutos e tem uma dilatação da boca de 10 cm"; é um fenómeno que se   pega (quase como os bicharocos), quando alguém começa a bocejar numa sala, não tardará a que os outros se sigam. Amigos, este é realmente um fenómeno que me intriga e me fascina. Conto com o vosso auxílio.

Certamente mais dúvidas surgirão. O mundo é deveras um sítio misterioso, mas por hoje é tudo. 

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Hoje não é dia de piadas. Amanhã.


No dia em que me pedes palavras alegres, não consigo deixar de escrever as tristes. Não só porque ache que soam tremendamente melhor, mas também porque são as únicas que conheço, hoje. Quando as letras teimam em juntar-se de tal forma que o som das palavras que formam não é mais do que um pedaço de solidão, então não faz qualquer sentido contrariá-las. 
Sabes, o amanhã terá que ser, sem dúvida, um dia melhor que o ontem. Só porque o hoje não conta, porque é construído apenas em laivos de recordações do ontem e em construções piramidais, tremendamente complexas, cuja base são as memórias de amanhã. Memórias dos sonhos de amanhã. Memórias dos sonhos de amanhã que só serão amanhã. O hoje não é nada, não existe. Hoje sonho que o amanhã me traz aquilo que hoje não consigo ser e que ontem fui. Amanhã. Amanhã escrevo-te umas piadas. Se tudo correr bem.

Toma lá, coisa mai linda!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Inteligência emocional é

perceber que cada pessoa com quem interages tem um umbigo, e que se por momentos parares de olhar para o teu, vais aprender alguma coisa sobre ela, e sobretudo vais aprender muito sobre ti próprio.
.
Exemplo: há dias falei com uma pessoa, mais velha, mais experiente, mais sabedora da profissão e da vida do que eu. a postura desta pessoa era a de quem assumia esse papel: ser mais. mais do que eu, mais do que todos.
.
se estivesse concentrada a brincar com o meu umbigo, quando ele me disse "o facto de estarmos aqui os dois, sentados à mesma mesma, em igualdade de circunstâncias, no mesmo patamar, pode ter uma multiplicidade de interpretações", eu arrumaria esta afirmação numa das prateleiras que lá tenho (sim, o meu umbigo é muito arrumado), guardá-la-ia como sendo minha, dedicada a mim. no entanto, como tinha a lupa apontada para o umbigo dele (sim, no andar de cima venho equipada com equipamento de alta definição em termos de ferramentas de visão), percebi que ela se encaixava, isso sim, naquele caixote desorganizado e atulhado de lixo neurótico esquecido lá ao fundo, no canto.
.
se estivesse sentada dentro do meu umbigo, e não a espreitar para dentro do dele, quando ele perguntou "o que é que sentiu ao entrevistar-me?", não tinha tido tempo de vir cá fora responder-lhe, ficava com aquela questão a ecoar entre os corredores. assim, como já estava à porta, só tive que sussurrar "faz as tuas arrumações e um dia talvez também consigas ver à lupa".

sábado, 16 de outubro de 2010

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Lição/verdade-universal-que-deverá-acompanhar-nos-para-todo-o-sempre






Há (poucas) pessoas verdadeiramente sábias a habitar o planeta e, por alguma estranha razão, há uma bela proporção de seres pertencentes a esta categoria que me dão o prazer de cruzarem o meu caminho. São estas pessoas que me explicam o sentido da vida, o porquê de estarmos aqui (seja lá onde isso for), o propósito de toda uma existência e de um total e, por vezes, vil investimento feito em sermos felizes (conceito para o qual ainda não defini parâmetros e muito menos um plano de acção). No fundo somos dignos entrepreneurs (empreendedores vá) neste mercado tão constantemente em crise que é a Vida. Digna é, sem dúvida, a dedicação, a enorme coordenação de esforços e a quantidade absurda de recursos que temos que despender  diariamente na consecução de tarefas que a Vida nos impõe. Isto, claro, porque fazermos simplesmente o que nos apetece não seria de todo Vida, mas sim uma irrecuperável perda de tempo, não é?

Mas deixemo-nos de reflexões filosóficas. A lição/verdade-universal-que-deverá-acompanhar-nos-para-todo-o-sempre que tenho o prazer de partilhar convosco hoje é, e cito: "as verdadeiras relações só são estabelecidas quando ambos os intervenientes se mandam mutuamente à merda". É bonito. Mas mais do que isso, profundo e perturbador. Porquê? Porque é verdade! Pensem bem, não neguem, como eu, à partida a validade inquestionável desta ideia genial (sim, de génio!). Pensem se não será verdade que, as relações reais, verdadeiras e duradouras que têm ou já tiveram com alguém não se pautaram por uma honestidade de tal ordem que o "Vai à merda, pá!" muito longe de ser insultuoso, chegou a ser, vá, um carinho, um cafuné, um "Gosto tanto de ti e sei que gostas de mim, de tal forma que sei que te posso dizer isto tudo e vamos continuar amigos, namorados, amantes (aqui há dúvidas, pelo menos no próprio dia), sem que nada seja posto em causa". E isto aconchega a alma, faz quentinho e reconforta, quase como se fosse possível alguém gostar de nós (quase) incondicionalmente. 

Se eu tivesse sabido disto, tinha-te mandado à merda mais cedo.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Eu não sou daqui, porque danço

Há dias nos quais o nosso sangue transporta pouco mais que cafeína. Nesses dias os glóbulos vermelhos já quase perderam a cor, os glóbulos brancos já mal nos protegem que coisa alguma, as plaquetas, de tão apáticas, deixar-nos-iam morrer de um corte com uma folha de papel. Há dias em que as sinapses de tão preguiçosas, não nos deixam pensar. Mas mesmo nesses dias, o coração não pára. 

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Estudasting!

Há um pouco de mim nas frases que escreves, nas pancadas que dás na mesa, que não está ali para comer, mas sim para ocupar espaço como tantas outras coisas. Há no mar, onde passo de manhã, um sentir de cansaço e vitalidade. A confusão é muita, quase tanta como esta, mas não. Haverá um pouco de ti naquilo que lembro como bom. O mau não se lembra, sente-se no corpo. Há palavras que não escrevo, não porque não possa, mas porque não quero.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Porco doce

Olhas para mim com a segurança de quem encontrou o gostar. Pedes-me uma mão emprestada, para o caminho. No coração levo tranquilidade e na outra mão o livro que me ofereceste. Sentas-te, mas o gesto não transporta cansaço. Em silêncio, contas-me tudo o que preciso saber. Inundas-me os sentidos de verdades que só mais tarde vou conseguir assimilar. Mais tarde os ritmos do corpo acompanharão os da alma. Mas ainda não.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Pozinhos de perlimpimpim

Tentamos parecer, estar, ser de acordo com aquilo que os outros esperam de nós. Se, por algum motivo, somos diferentes, sentimos constantemente que defraudamos expectativas. Quando não somos aquilo que sentimos que é esperado, começamos a acreditar que aquilo que queremos ser é aquilo que os outros querem que sejamos. É aqui que começamos a desiludir-nos a nós próprios, a sentir que, por muito que façamos, nunca vamos conseguir responder adequadamente à nossa sede de querer ser mais e melhor. Mas a sede não é nossa. 

Acontece que, às vezes, num momento de distracção (quase sempre depois de uma sesta no sofá), paramos para nos perguntarmos o que queremos ser realmente, onde queremos verdadeiramente estar, com que escolhas não nos importamos de ter que viver o resto das nossas vidas sem sentirmos pena de não ter vivido, arrependimento por termos feito ou mesmo, e pior que tudo, indiferença em relação a tudo o que podíamos ter feito e sido e ao que fizemos e fomos. E é nestes fugazes momentos de lucidez que a verdadeira tristeza aparece. Mas também a esperança e a inspiração, porque aí percebemos que tudo depende (sempre) de nós.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Elísio...

...deve haver (imagino) mais de um milhão de maneiras de tocarmos alguém. Às vezes sorrimos, outras vezes olhamos, às vezes chegamos mesmo a mexer. É sabido (por todos, e até por mim) que não há força de toque com mais Newton que a palavra.

Hoje tocaste-me como há muito tempo não sentia, sem sorrir, sem mexer, com todos os Newton do mundo.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A puta da bida

Catarse

Sim, sou eu, aqui. Imperfeita! Ser cheia de defeitos e malícias e ironias. Nem todas as horas do existir chegariam para enumerar tudo aquilo que tenho de mau. Embora saiba que nada disto joga a meu favor (esta carência e este rasgo grotesco de sinceridade) não consigo evitar desnudar-me do pouco orgulho que me resta e da fraca capacidade de auto-preservação que ainda mantenho e dizer que tenho uma saudade doentia, quase obscena de tudo o que não aconteceu. Tudo o que é meu de tanto o desejar. Saudade é dizer pouco. Amor.

"P'ra quem mora lá, o céu é lá"

O caminho era estreito e tortuoso. A lama cobria rapidamente as pegadas acabadas de imprimir. Os ramos das árvores eram riscos difusos entrecortando o nevoeiro quente e pesado. Dos medronhos maduros pingava a goma que aos poucos lhes cobria a pele. O sol rompia, ardente, o manto de folhas que lhes pendia sobre as cabeças. Dos caracóis dela caíam pingos grossos que lhe escorriam pelas costas. As mãos dele, transpiradas, escorregavam das mãos dela. A humidade pesava-lhes nos músculos, nos ossos, na pele. Os movimentos eram lentos e espaçados.
Não tinham pressa.
Não iriam para outro sítio que não aquele,
não viveriam outra vida que não aquela,
não queriam nada para além do que ali tinham.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Acelera!

Porque há estradas que merecem ser percorridas...

http://en324.blogspot.com/


terça-feira, 7 de setembro de 2010

Qualidade



"Crazy, I'm crazy for feeling so lonely
I'm crazy, crazy for feeling so blue
I knew you'd love me as long as you wanted
And then someday you'd leave me for somebody new
Worry, why do I let myself worry?
Wond'ring what in the world did I do?
Crazy for thinking that my love could hold you
I'm crazy for trying and crazy for crying
And I'm crazy for loving you
Crazy for thinking that my love could hold you
I'm crazy for trying and crazy for crying
And I'm crazy for loving you."

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Ao sair do elevador

Há momentos em que os suspiros são saudade, tristeza ou resignação. Há momentos em que são só cansaço. Há momentos em que são ritual de preparação para algo grande, intenso, quase transcendente.
É preciso saber suspirar. É preciso conseguir pôr o ar bem cá para dentro, com o ritmo ideal, espaçado, perfeito. Encher os pulmões tão perfeitamente que se faça da elasticidade mais do que uma propriedade, quase magia. E depois expirar com tanta lentidão quanto a consciência de sabermos que aquele momento é importante consegue permitir. E depois suspirar de novo, mas só se for possível.

domingo, 5 de setembro de 2010

sábado, 4 de setembro de 2010

Porque é assim a amizade

Noites de reflexão
Bastante bem regadas
De "lhec" e compreensão
Reflexão de vidas passadas

As vidas recalcadas
Que fazem uma feridinha
Têm que ser ultrapassadas
Pra seguirmos com a vidinha

E depois desta conclusão
Um abraço a três no sofá
A vida não é confusão
É carinho deste bom, oh pá

E porque é assim a amizade
Olhas para nós com essa pose
De indulgência e sabedoria
Enquanto pões o La Vie en Rose

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Mitos e falsas verdades

Uma vez que o nosso tempo é extremamente rico em mitos resolvi tomar alguns minutos para, antes do meu sono de beleza, vos deleitar com a minha visão apurada do mundo. Isto só porque vocês merecem.

Assim, entregue e dedicada a um quase serviço social, deixo-vos as cruas verdades que teimam em negar-nos.


Mito nº 1 - Um homem que preste atenção ao que nós (mulheres) dizemos é bom

Não me interpretem mal, não é que seja bom ter ao nosso lado uma pessoa que ache que o som de um comboio a passar é mais agradável que o som da nossa voz, mas a verdade é que os homens de quem mais gostamos são aqueles que não dão demasiada importância às nossas dissertações sobre absolutamente nada. O facto de ele perceber que 90% do que dizemos carece de qualquer relevância e nexo só nos faz perceber quão inteligente e equilibrado ele é e o facto de ele acenar a cabeça e sorrir, mesmo não tendo ouvido nada, dá-nos a indicação de que, por muito parvas que ele ache que somos, se esforça para nos manter contentes e satisfeitas, ou seja, sossegadas (e se possível caladas) durante algum tempo.


Mito nº 2 - O ciúme é uma coisa má

De notar que, quando falo de ciúme aqui, refiro-me a níveis não patológicos de sentimento de pertença. Quem é que pode dizer que nunca desejou (e até fez alguma coisa por isso) que o seu mais-que-tudo-excepto-tudo-aquilo-em-relação-ao-qual-é-menos sentisse uma pontinha de ciúmes em relação a si? É normal que queiramos sentir que a outra pessoa não está completamente a dormir, convencida de que é tão espectacularmente maravilhosa que não haverá qualquer possibilidade de surgir alguém que lhe faça uma sombrazita. Além disso, quando alguém sente ciúmes é sinal de que, de alguma maneira, somos importantes (nem que seja só porque conseguimos ferir o ego de outrem). A ter em conta que, quanto maior o esforço (a maior parte das vezes ridiculamente inglório) de disfarçar o ciumezito maior é o gozo que dá. Esta parte não sei explicar porquê... Talvez seja porque ninguém gosta realmente da chamada "Cena de ciúmes" mas sim da ciumeira em si mesma e do sentimentozito (ainda que instantâneo) de poder que dá.


Mito nº 3 - Sexo ocasional é mau

Este, senhoras e senhores, é o grande mito dos nossos tempos. Estivéssemos nós noutra estação do ano, digamos o Inverno, dir-vos-ia que tal é a pura verdade. Sexo com amor é que é. E é. Mas está calor. E não é um calor qualquer.


segunda-feira, 30 de agosto de 2010

sábado, 28 de agosto de 2010

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Da arte da manipulação (e do uso da metáfora)

Lembro-me de quando a minha tia-avó, exímia contadora de histórias, me falava dos tempos em que, enquanto farmacêutica, passava grande parte dos seus dias a preparar manipulados, como ela costumava dizer. Juro que conseguia sentir os cheiros dos químicos, imaginar os frascos de um vidro grosso e frio e ao fundo a chama ténue da lamparina. Mais do que o ambiente, em parte descrito, em parte por mim criado, fascinava-me a arte. O talento de manusear elementos químicos, potencialmente instáveis, possivelmente perigosos, e ser capaz de o fazer utilizando as quantidades exactas, as medidas certas, criando misturas perfeitas e ao mesmo tempo únicas, irrepetíveis. Na altura compreendia já que a manipulação era uma ciência. A presunção está vedada ao manipulador eficaz. Negligenciar as características de um produto químico instável equivale a pôr em risco o resultado da nossa experiência. A manipulação, por paradoxal que pareça, requer humildade, manifesta na capacidade de antecipar as reacções do produto manipulado.

Muito ódio...

...e um bocadinho de rebarba.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O amor faz-se devagar

Há ritmos que devem ser respeitados. O amor constrói-se com cadências espaçadas por intermináveis momentos de hesitação. O amor faz-se assim, de inseguranças e vergonhas. O amor faz-se com tempo, tempo de conhecer, de adorar, de detestar, de questionar o porquê, e de desejar que não, e de saber que não vale a pena querer voltar atrás, porque agora o amor já está, já é, e agora és parte da minha vida, não percebi muito bem como, mas gosto, e sabe-me bem, e não te trocava por nada, nem por ninguém, apesar de tudo. E é isto o amor, um conjunto de dúvidas e suspiros e perguntas e lágrimas e risadas, bem distribuídas por dias e horas e minutos e sobretudo momentos, porque o amor faz-se assim, devagar.

domingo, 22 de agosto de 2010

O que há em mim é sobretudo cansaço

"O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, e um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo. Íssimo,
Cansaço."

Álvaro de Campos

sábado, 21 de agosto de 2010

Caralho foda-se caralho odeio-te roberto da merda... bai-te embora do Benfica, não nos fodas mais a bida. bai-te embora jáaaaaa odeio-te odeio-te odeio-te

Pérolas - Parte 2

No caminho para minha casa não há restaurantes com nomes convidativos nem estabelecimentos de venda de peças metálicas com nomes sugestivos. Mas há habitantes com elevados padrões de justiça.


Legenda do cartaz: Se me faltar alguma coisa vou a tua casa e corto-te um braço.

Legenda do nome da rua: Rua da Serena.



sexta-feira, 20 de agosto de 2010

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Passamos a vida a tentar

Tentative de l'impossible
René Magritte

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Como diz uma grande amiga minha

A lucidez mantém-se, e é a partir dela que tudo o que é saudável se constrói.

Pérolas

Hoje a caminho do trabalho passei pelo restaurante snack-bar "Com'Aqui".

À vinda pra casa passei pelo estabelecimento de venda de peças metálicas "Dureza".


terça-feira, 17 de agosto de 2010

You got to love your job!

Empresa: Grupo Azurée & Aiedail, S.A.

Localização: Lisboa, com possibilidade de oportunidades de carreira internacional

Nº de vagas: 2

Descrição da Empresa: O Grupo Azurée & Aiedail, S.A. é um grupo líder, com uma posição sólida no mercado em que actua. Devido a essa mesma posição e à natureza do seu negócio oferece a oportunidade de construção uma carreira estável e duradoura para os candidatos que melhor se adequem ao perfil pretendido.

Descrição da Função: Para o desempenho desta função o Grupo Azurée & Aiedail, S.A deseja apostar em dois candidatos com forte motivação na área das relações não patológicas. Os candidatos que vierem a ocupar esta função terão como principais actividades:
  • Idas periódicas ao cinema, estando vetado o consumo de pipocas e qualquer outro produto que cause ruído
  • Mimo regular mas não sistemático, pautado por noções de razoabilidade
  • Actividades de cariz social com parceiros de negócio e fornecedores externos
  • Planeamento e organização de actividades recreativas libertadoras de stress ao fim-de-semana
  • Execução de actividades também recreativas e libertadoras de stress mas com um cariz um pouco mais lúdico pela manhã e antes de adormecer
  • Partilha através do diálogo daquilo que foi o seu dia/semana e das suas preocupações e pensamentos, nunca descurando a privacidade e individualidade a que os candidatos têm direito
  • Actualização regular da sua própria Descrição de Função, visando uma constante melhoria na resposta às demandas que forem surgindo
Perfil do Candidato
O candidato ideal deverá:
  • Ser socialmente competente
  • Responder activamente por outro meio que não grunhidos e silêncios às sucessivas tentativas de comunicação
  • Cheiro a macho (humano e não equestre)
  • Possuir as competências Orientação para a Acção, Orientação para o Cliente Interno, Capacidade de Relacionamento Interpessoal, Resolução de Problemas e Inteligência Emocional como um todo - factores eliminatórios
  • Valoriza-se a capacidade de análise de situações críticas bem como a capacidade de argumentação e, sobretudo, de negociação
  • Um dos candidatos terá que gostar de futebol - ser do Benfica é factor preferencial. Caso seja de outro clube ficará sujeito a uma diminuição significativa nas actividades recreativas libertadoras de stress com carácter lúdico
  • Sentir absoluto repúdio pelo novo Acordo Ortográfico
  • Possuir barba será indubitavelmente uma vantagem competitiva.
NOTA: Manifestações de sentimentos de posse e exigências exacerbadas serão considerados comportamentos inaceitáveis, sendo alvo de instauração de processo disciplinar.

Oferta: Oferece-se um pacote salarial bastante atractivo, complementado com um vasto conjunto de benefícios e regalias vigentes no
Grupo Azurée & Aiedail, S.A. Proporciona-se a oportunidade de crescimento pessoal, potenciado pelos desafios constantes oferecidos pelo daily business da função.

Se acha que corresponde ao perfil pretendido e tem vontade de trabalhar numa empresa única no mercado, arrisque! Mande-nos o seu CV com foto actualizada e Carta de Apresentação.

Grandes desafios o aguardam!

Se não me irritarem não sou vil

Hoje fui ver o filme "The Expendables" ("Os Mercenários"). A tradução era tão mas tão boa que numa cena de tiros e pancadaria a personagem interpretada pelo Stallone diz ao parceiro "I'm out", tentando explicar-lhe que ficara sem balas e que ele teria a partir daquele momento que os defender a ambos com a sua bazuka enorme e terrivelmente mortífera, e a legenda dizia "Estou cá fora". Já lá canta o e-mailzinho de reclamação por parte desta vossa amiga.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A bater o pezito... :)

Superfarta da superestupidez, superignorância e supermediocridade

Certo dia, nos idos anos 90, foi aprovado o "Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa". A sua implementação foi bastante contestada, em grande parte pelos portugueses, mas penso que os motivos de tal contestação se prendem com o desconhecimento destes argumentos (http://www.priberam.pt/docs/acortog90.pdf):
_
- "É indiscutível que a supressão de consoantes mudas ou não articuladas (como "p" na palavra "óptimo") vem facilitar a aprendizagem da grafia das palavras em que elas ocorriam. De facto, como é que uma criança de 6-7 anos pode compreender que em palavras como concepção, excepção, recepção, a consoante não articulada é um p, ao passo que em vocábulos como correcção, direcção, objecção, tal consoante é um c? Só à custa de um enorme esforço de memorização que poderá ser vantajosamente canalizado para outras áreas da aprendizagem da língua."
_
- "A divergência de grafias existente neste domínio entre a norma lusitana, que teimosamente conserva consoantes que não se articulam em todo o domínio geográfico da língua portuguesa, e a norma brasileira, que há muito suprimiu tais consoantes, é incompreensível para os lusitanistas estrangeiros, nomeadamente professores e estudantes de português, já que lhes cria dificuldades suplementares, nomeadamente na consulta de dicionários, uma vez que as palavras em causa vêm em lugares diferentes da ordem alfabética, conforme apresentam ou não a consoante muda."
_
Ora bem, já nos podiam ter explicado que o Acordo servia para ajudar as pessoas com défice cognitivo e dificuldades de aprendizagem. Todos nós, os portugueses teimosos, demonstraríamos a nossa solidariedade para com essas pessoas. Ninguém tem culpa de não ter a amplitude cognitiva necessária para aprender quais as palavras cuja consoante muda é um "p" e quais aquelas cuja consoante não articulada é um "c" e ao mesmo tempo efectuar outras aprendizagens relativas ao domínio da língua. Ou de não ser capaz de entender o padrão de organização de um dicionário e de o consultar eficazmente. Se nos tivessem explicado que eram estas as razões, aliás, se as tivessem explicado ao Mundo, talvez até os ingleses tivessem já abdicado de escrever "colour" em favor de "color" ou "dialogue" em prol de "dialog".
_
Agora, uma coisa que não entendo é (se calhar este Acordo também foi redigido a pensar em mim): o que se prentende é unificar a ortografia, não é? E a ortografia tem a ver com a forma como se escrevem as palavras, certo? Hm. Então porque é que, à pala do Acordo Ortográfico, os iluminados jornalistas portugueses se acham no direito de criar palavras? Da última vez que consultei um dicionário (acho que ainda o sabia fazer) não me lembro de ter visto por lá a palavra "superotimista". Mas se calhar este é só um superato de objeção face à adoção do Acordo.

A Katy Perry anda a ouvir as nossas conversas

Esta senhora é parba e canta mal e tem músicas pirosas. Mas de certeza que escreveu esta depois de ter ouvido a nossa conversa de ontem.

domingo, 8 de agosto de 2010

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Estou carente, Estou de volta

Estou carente de uma felicidadezita, daquelas com borboletas no estômago e arrepios pela coluna acima (ou abaixo). Tenho saudades de chegar a casa e não conseguir dormir por só pensar em baboseiras (das boas) e fazer rewind a momentos dos que arrepiam a pele. Tenho de saudades de ser eu, quase sempre a rir com aquele riso ridículo, de pensar bem de quase todos, de encontrar sem andar à procura, porque as coisas acontecem-me assim, sem que me esforce. Tenho saudades dessa cartomancia. Tenho dado muitos tiros no pé, seja porque ache que os mereço, seja porque dá algum trabalho arriscar, mas a arma já não tem balas por isso (e é oficial), desisto. E toca a seguir em frente. Cartomancia, estás de volta! Benvinda!

Direito de resposta

Na arte da fofoca
Sois todos uns peritos
Pena é que no que vos toca
Sejais tão pouco expeditos

Lágrima tal não verteu
Dama de ferro, em janota
Pois que não é hábito seu
Lacrimejar feita idiota

Se foram super-poderes
Ou uma simples constipação
Por muito que saber quiserdes
A este propósito permanecerá a questão

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Oubi dizer

Não quero fazer chacota,
É só porque oubi dizer
Que a dama de ferro (em janota)
Pró cinema a lagrimita foi verter.

Mas diz que num foi da emoção,
Tinha os olhos a Pixar,
Se fosse um home machão,
Também desataba a chorar!


segunda-feira, 26 de julho de 2010

Noções de competitividade (ou como aprender o que é a vida com uma criança de 4 anos)

A acção decorre durante um jogo de matraquilhos. Os intervenientes são a própria criança de 4 anos (N.), eu (Prima A.) e a Tia M.
A N. e a Tia M. são da mesma equipa. Eu sou "o adversário".

N. - Prima A., quero ganhar!
Estratégia milenar de intimidação do adversário: demonstração de uma vontade férrea e inabalável de vencer. Nota mental: uma criança de 4 anos já sabe exercer esta arte com mestria.
Tia M. - Minha querida, não podemos sempre ganhar, perder também faz parte da vida...
Terminada a afirmação, pisca-me o olho, numa expressão não verbal que entre adultos significa: ganha o jogo para lhe ensinarmos a importância de lidar com a perda. Assim fiz, obviamente de forma subtil, garantindo a vitória por uma margem de 3 golos. No final:
Tia M. - Vês minha querida, perdemos mas não faz mal. Estamos contentes na mesma, porque a prima A. ganhou, não é?
N. olha para Tia M. de lado, sobrancelha esquerda semi-erguida (confirma-se: é um talento que passa através das gerações no seio desta família), e diz-me:
- Prima A., para a próxima quero antes ser da tua equipa, está bem?
Julgavas que lhe ensinavas uma lição, Tia M.? Vê lá mas é se aprendes a competir, ou então sujeitas-te a ser a última escolha de todas as equipas...

Noções de posse (ou como aprender o que é a vida com uma criança de 2 anos)

- Olha, I., como é que eu me chamo?
- Prima A.
(E eis de que de repente todas as minhas questões existenciais se vêem respondidas, eis que a multiplicidade de identidades e papéis sociais que julgava desempenhar se vê resumida ao essencial: estou aqui para ser prima dela. É óbvio.)

- E tu, como é que te chamas?
- Bebé.
(Pois claro, se são os outros que nos dão existência, se eu própria estou aqui para ser prima dela, ela é aquilo que os outros lhe chamam: bebé.)

- Pois é, tu és o meu bebé.
- Não não, eu sou o meu bebé!
- Então, mas também és um bocadinho minha, não é?
- Não, eu sou só minha!
(Esta era escusada. Podia ter-me livrado de tão óbvia constatação. É claro que ela não é minha, ela é só dela. Crianças de 20, 30, 40 anos, têm ainda tanto por aprender...)

Logo se vê

Tempo de respirar fundo, de lembrar que algo só ganha importância depois de acontecer, de ter confiança em mim, de calçar as botas da tropa e ir para formatura aquando do toque da trompete! A continência fica p'ra outra altura!

domingo, 25 de julho de 2010

Perguntas que merecem resposta

Quem é que inventou as alianças e com que intuito? Já agora, era mesmo necessário serem coisas feias ou simplesmente aconteceu?

sexta-feira, 23 de julho de 2010

quinta-feira, 22 de julho de 2010

O martelo boomerang

Olá seres-que-conduzem-pelas-estradas-portuguesas-mas-que-desconfio-que-nunca-tiraram-a-carta. Sei que não são frequentadores assíduos deste blog, mas ainda bem que vieram cá hoje, porque tenho uma ou duas coisitas para vos dizer.
A primeira é: já morriam.
A segunda é: já morriam sozinhos, sem me levar atrás.
Como? - perguntam vocês.
Eu respondo com todo o gosto: espetando-se contra um poste, ou contra um muro, ou contra uma árvore. E não contra o meu carro. Ou atirando-se de uma ribanceira, ou de um precipício, ou do topo de uma montanha. E não de uma faixa de rodagem para outra, em direcção ao meu carro.
E agora vocês perguntam (que espertos, sempre a perguntar coisas!): mas que piada tem isso de morrer sozinho? Pois é, é como bater com um martelo na cabeça, não é? Não tem piada nenhuma. Já atirá-lo à cabeça de outra pessoa... É coisa para dar vontade de rir. Agora imaginem que o martelo se comporta como um boomerang. Vocês atiram-no à cabeça da outra pessoa, e enquanto riem à gargalhada, ele inverte o sentido e vem de encontro ao vosso crânio. E racha-o. Porque desta vez vem com mais força do que se simplesmente tivessem batido com ele na própria cabeça. Boa? Conclusão: vai doer-vos menos se morrerem sozinhos.

Para o Elísio

Há espinhas de peixe em quase todas as relações da vida. Com a convivência aprendemos a limar arestas, aprendemos a fazer cedências, aprendemos a fechar os olhos. Mas às vezes, raras vezes, tão raras que se contam pelo dedos da mão do Yoda, não é preciso aprendermos nada. Há amizades em que vem tudo em formato automático, em que já está tudo ensinado e só precisamos de aprender a não gostarmos tanto dessa pessoa que nos pese todos os dias não podermos partilhar um momento de todos os dias com essa pessoa. Ou então um pires de tremoços. Como a mim me pesa.

E é assim que eu gosto de ti, com toda a Força que mil milhões de midi-chlorians conseguem comportar.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Coisas-que-não-sei-pra-que-servem

Há já bastante tempo que sei que o meu cérebrozito tem as suas limitações, há quase tanto tempo quanto aprendi a aceitá-las. Por isso amigos, deixo aqui algumas coisas-que-não-sei-pra-que-servem, pois algum de vós pode dar uma forcinha às minhas sinapses. É natural que este post não englobe tudo aquilo que não compreendo e que, mais tarde, me surjam mais dúvidas, tão profundas e existenciais quanto as que se seguem, porquanto não excluo à partida tornar a este assunto mais tarde. Mas não vamos apressar-nos, vivamos um dia de cada vez, sem promessas. É o carpe diem das coisas-que-não-sei-pra-que-servem.

Primeira coisa: as leggins
Gosto de usar leggins mas daí a compreender a sua verdadeira essência amigos, vai um longo caminho. A origem das leggins remonta a não sei quando, e sinceramente não me interessa, mas só consigo colocá-las no meu álbum de memórias farrapais desde há, digamos, uns 3/4 anos. No início pensei: são meias! Mas não, pois não têm pezinhos. Alguém decidiu deixar o pezinho desprotegido, ao deus dará, vulnerável à brisazita do crepúsculo. Depois pensei: serão calças? Não me parece. E pus-me a mirar. Muitas e bastantes bolinhas e estrelinhas de cuecas que se fazem notar por entre as malhas. Definitivamente não são calças, embora haja muito quem ache que sim. Ora, e chegamos a um impasse (música de suspense), se não são meias, se não são calças... Aceitam-se como aquilo que são, uma coisa estranha que estiliza as pernas e vestem-se por baixo de vestidos que tapem o rabo. Resolvido!

Segunda coisa: os mosquitos
Há bichos lindos, fofinhos, estilosos, lustrosos, catitas, e há os mosquitos. Os mosquitos são um mistério tão grande para mim como o do ovo-galinha. Os mosquitos tchupam o sangue das pessoas, o que pode servir para transmitir doenças, mas não me parece que isso seja razão para deus nosso senhor manter um bicharoco por este mundo. Ele lá há-de ter outros desígnios, para mim insondáveis. Os mosquitos causam-me um bocadinho de irritação porque gostam de me picar e quando picam faz comichão e quando faz comichão eu coço e quando eu coço faz crostinha e quando faz crostinha fico triste. Não quero crer que um bicho exista para tchupar sangue, espero que não exista para fazer borbulhas, enoja-me que exista para causar comichão às pessoas e não consigo suportar a ideia de que exista para fazer crostinhas. Por isso não sei p'ra que existem os mosquitos e conto com a vossa ajuda para desvendar este mistério. Entretanto é continuar a chacina.

Terceira coisa: a díade bibelot/napron
Esta é bem capaz de ter sido a coisa que o demónio criou para rivalizar com deus nosso senhor aquando da criação do mosquito. A questão impõe-se: p'ra quê? De todas as coisas-que-não-sei-pra-que-servem esta pode não ser a mais irritante mas é, se dúvida, a mais feia. Dentro da categoria bibelot podemos encontrar diversas relíquias, onde se enquadra por exemplo o pato/cisne com espacinho para pôr as canetas ao lado do telefone. Mas claro que o pato/cisne não pode estar em contacto directo com o móvel de mármore, porque tem frio nos pezinhos e constipa-se, daí surgir o napron. Porquê a renda? Não sei e não quero falar mais sobre isto. Causa-me um certo sofrimento.

E pronto, é isto que tenho para já. O agora é mais daqui a bocado.


Música bem gostosa

Dor de vida

A vida doía-lhe a cada novo dia. Nunca chorava, porque enquanto a vida lhe doesse saberia que continuava viva. Às vezes duvidava que aquela pele fosse a sua. Por isso a rasgava, em silêncio. Cada sulco era a marca de uma dor que quisera sentir, que precisara de sentir. Enquanto o corpo lhe doesse saberia que lhe pertencia ainda.

Fantasias

Não me importa se não vens, eu fico à espera. Porquê? Não sei. Quem espera sempre alcança. Duvido. Mas não espero para alcançar. Então? Espero porque é assim que sou. Porque a realidade não o é. Pelo menos agora. Sem ti.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Isto não é só atar e pôr ao fumeiro!

Não sei bem se é o amor que tolda o raciocínio desta gente. Tenho dúvidas de que saibam o que é o amor. Na verdade, andam tão distraídos em alugar autocarros vindos da Sertã que nem se apercebem de que toda aquela parafernália que envolve o acontecimento marcante que se supõe o casamento, muito se distancia já do primeiro objectivo que seria partilhar uma união simples com aqueles de quem mais se gosta. Aqueles de quem mais se gosta transformam-se nos tios que raramente se vêem, nos primos que causam irritação profunda, nas tias-avós por quem o sentimento de indiferença é recíproco.
Na verdade esta gente pouco sabe do amor. Não sabem que, para que ele exista, seja, esteja, continue, não é preciso nada disto. Não sabem que o importante não é ter um marido, é ter um companheiro e o que transforma um homem/mulher num companheiro(a) não é um padre nem um juiz, é aquilo que sentimos quando olhamos para ele(a) e ele(a) olha para nós, sem que se diga nada, sem que seja preciso. É disto que muita gente se esquece, é isto que impede o mundo de ser um sítio melhor. O amor existe sem festa e sem sentimento de posse e sem presença e sem reciprocidade e sem tempo para existir, e sem que seja preciso dizer, porque o amor és tu, agora e sempre, sem mais nada.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Dicas para pessoas-que-pensam-um-dia-vir-a-casar

Bem sei que o amor tolda o raciocínio. Por isso, pessoas casadoiras, estou aqui hoje exclusivamente para vos ajudar, partilhando convosco algumas ideias que pude gerar a partir da minha experiência de pessoa com raciocínio claro e eficaz.
1. Ok, tomaram a decisão de casar. Ok, querem convidar família e amigos para partilhar o momento convosco. Parto portanto do princípio que pretendem que os vossos convidados tenham disponibilidade para ir, estar e aproveitar a festa. Sendo assim, a opção "domingo à tarde" deve ser automaticamente eliminada da vossa lista. Ok, não há mais vagas durante o mês de Julho. Reparem, um ano tem doze meses, um casamento não tem que ser realizado em Julho. A noiva está prenha? O noivo tem um aneurisma que pode rebentar a qualquer momento? Hm, Julho é um mês "especial". Ok. Pois fiquem sabendo que uma especialidade também é ser convidado para um casamento que vai decorrer a mais de 200km de distância de casa, a um domingo à tarde, e trabalhar no dia seguinte de manhã. Sabem, meus queridos, possivelmente não vos vai ocorrer, porque depois do casamento o vosso único compromisso terá lugar nas ilhas Maurícias, mas a maioria das pessoas que convidarem, aquelas que tiverem entre 18 e 65 anos, terão, com alto nível de probabilidade, um trabalho. E, muito provavelmente também, esse trabalho inicia-se às segundas-feiras de manhã.
2. Pronto, já pensaram melhor, e o casamento afinal vai ser ao sábado. Óptimo, lindos meninos. Agora, querem que a cerimónia religiosa decorra naquela igreja super especial, porque o tecto foi pintado à mão, porque é pequenina e fica numa aldeia pitoresca, porque o padre é novo e diz piadas. Óptimo. Voltando à questão de convidarem pessoas. Se pretendem mesmo que as pessoas assistam à cerimónia, e se entretanto tiverem oportunidade de pensar um bocadinho e se lembrarem que só descobriram essa igreja por acaso, e que até já andavam perdidos no meio de nenhures há um bom par de horas quando deram com a aldeola, vão facilmente compreender que uma outra pessoa dificilmente vai passar pela mesma situação e encontrar a dita igreja também por acaso. Tenho uma ideia, talvez seja demasiado vanguardista, eu sei. Mas o futuro faz-se de inovação, não é? E que tal - calma, respirem fundo, vocês são capazes - incluir no convite - preparem-se - indicações de percurso? Um mapa, um esquema, umas setas e assim... E - mais inovador ainda - que tal coordenadas de GPS? Pronto, agora fui longe de mais. Eu sei. Mas uma coisa vos garanto: não fui mais longe do que no domingo passado, às três da tarde.

sábado, 17 de julho de 2010

E como Filipe Gomes disse um dia (há bocadinho)

"Melhor é sempre quando o amor se intromete no beijo, deixando os corpos a pairar."

Vim às mixas

- Pois que vim.
- "Pois que vieste, mas porquê?"
- Pois que vim porque tinha coisas para te dizer.
- "Pois a mim que me interessam as coisas que tens para me dizer?"
- É esse o interesse - não saberes à partida o que trago para te dizer que te possa interessar.
Olhar de desdém
- Por agora permite apenas que te mostre quem sou.
Gesto de anuência
Gosto de estar aqui. Gosto de falar contigo. Gosto das manhãs e aprendi a gostar das noites.
Não gosto de tempo perdido. Não gosto de gritos.
Gosto de sorrisos. Gosto de rir até me doer a barriga.
Não gosto de pieguices. Não gosto de mentiras. Não gosto de mediocridade.
Gosto dos velhos que me ensinam coisas. E das coisas que aprendo com as crianças - Sabes, ontem vi um menino, tinha no máximo 6 anos, levava a irmã mais pequenina por uma mão, e quando ela caiu porque o bracito dele não teve força suficiente para a segurar quando ela tropeçou numa pedra, ele abraçou-a, sorriu-lhe e disse que já tinha passado. Quando olhei melhor, era ele, e não ela, que tinha uma lagrimita a correr pela bochecha.
Mas não gosto de pieguices. Por isso se contares a alguém que gosto de sentir o coração aconchegadinho vou negar sempre.
Com o tempo vais perceber.

Patadas de Ninja

quarta-feira, 14 de julho de 2010

terça-feira, 13 de julho de 2010

Para o Guilha

Guilha, no meu dinamómetro não há força maior que a da nossa amizade :)

Trivialidades

Há três coisas muito más no mundo:

  1. A nha mãe
  2. O mêirmão
  3. O môpai

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Há coisas que não nos ensinam na escola, nem na faculdade, nem em MBAs, nem em pós-graduações! Há coisas que só nos ensina a vida. Uma delas é engolir sapos. E isto, meus amigos, não é amor, é mesmo resiliência.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Marina




"Marina me dijo una vez que sólo recordamos lo que nunca sucedió. Pasaría una eternidad antes de que comprendiese aquellas palabras.

No sabía entonces que el océano del tiempo tarde o temprano nos devuelve los recuerdos que enterramos en él.

Todos tenemos un secreto encerrado bajo llave en el ático del alma. Éste es el mío."

Pêgas... Muita Atenção!

Testes de Paternidade vão começar a ser vendidos em parafarmácias

Trata-se do único teste de paternidade que esteve à venda nas farmácias, o UNODNA Trust, que é um dispositivo que compara os perfis de ADN do homem e da criança, através de dois kits para recolha de amostras de saliva que são posteriormente enviados para um laboratório. Os resultados finais chegam por meio informático, depois de o cliente instalar um programa no computador, que é enviado com o teste.

A 8 de Junho - menos de um mês após o início da comercialização deste produto nas farmácias – a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) emitiu uma circular, na qual esclarece que “os testes de paternidade não são considerados dispositivos médicos para diagnóstico
in vitro por não se destinarem a um fim médico”. Por esta razão, deliberou o Infarmed, “as farmácias que possuam testes de paternidade em stocknão os poderão vender ou utilizar, devendo proceder à sua devolução”.

Esta decisão apanhou de surpresa o responsável da empresa que comercializa o teste, que disse agora que a mesma obrigou a uma certa ginástica logística e mudanças ao nível da distribuição. Segundo Mário Mendes, o produto vai continuar à venda, mas agora nas parafarmácias, embora só nas que “ofereçam informação e segurança”: a empresa diz fazer questão que o produto só seja vendido em estabelecimentos que disponibilizem um acompanhamento farmacêutico. Mário Mendes defendeu ainda que a decisão do Infarmed não é necessariamente “imutável”.

in Público

terça-feira, 6 de julho de 2010

Farta de homens poucos machos...

Sinta-xe

Doía-lhe o estar, o ser, o existir. Doíam-lhe os verbos todos. Os verbos e os nomes e a ponta do nariz, vermelhinha do sol. Começavam já a doer-lhe também os adjectivos, até os bons, só sabia responder-lhes com reticências, reticentemente mas só com dois pontos porque tinha preguiça.. Que calor! Doíam-lhe os resumos e sumários das coisas boas. As recordações são tudo o que temos. Hoje somos o que fizemos. Amanhã seremos o que fazemos (doía-lhe o presente do indicativo). Tinha tudo o que sempre quis e nada do que realmente precisava, ponto de exclamação

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Há bocado...

Escrevi um texto grande, com muitas linhas, como se em cada uma delas fosse cabendo a minha tristeza. Deitei-o fora, já nem escrever me alivia.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

"Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.

Talvez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo."

Cem Sonetos de Amor, Pablo Neruda

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Amor com Amor se Paga


"Amor com Amor se Paga (Um acto teatral para Mário Viegas) é uma peça, ou melhor, é um conjunto de actos teatrais, que se assumem no seu todo como uma sentida homenagem ao co-fundador da Companhia Teatral do Chiado no ano em que esta comemora 20 anos de actividade artística.
Juvenal Garcês assume-se como o Mestre de Cerimónias deste espectáculo, acumulando a função de encenador e "aparador" de textos da autoria de Anton Tchékhov, August Strindberg, Henrik Ibsen e Karl Valentin.
Sempre de uma forma cómica, o espectáculo aborda temas como o amor, a desilusão e a perda. É a transposição cénica da máxima de Mário Viegas: "A vida é uma anedota muito séria". É o espectáculo que teria posto Mário Viegas a chorar a rir e a rir de tanto chorar. Mas sempre a rir."

Sexta-feira :)


quinta-feira, 24 de junho de 2010

ok, pode ser

"Is your secret safe tonight?
And are we out of sight?
Or will our world come tumbling down?

Will they find our hiding place?
Is this our last embrace?
Or will the walls start caving in?

(It could be wrong, could be wrong)
But it should've been right
(It could be wrong, could be wrong)
Let our hearts ignite
(It could be wrong, could be wrong)
Are we digging a hole?
(It could be wrong, could be wrong)
This is outta control

(It could be wrong, could be wrong)
It could never last
(It could be wrong, could be wrong)
Must erase it fast
(It could be wrong, could be wrong)
But it could've been right
(It could be wrong, could be...)

Love is our resistance
They keep us apart and they won't stop breaking us down
And hold me, our lips must always be sealed

If we live our life in fear
I'll wait a thousand years
Just to see you smile again

Kill your prayers for love and peace
You'll wake the thought police
We can hide the truth inside
http://www.elyricsworld.com/the_resistance_lyrics_muse.html

(It could be wrong, could be wrong)
But it should've been right
(It could be wrong, could be wrong)
Let our hearts ignite
(It could be wrong, could be wrong)
Are we digging a hole?
(It could be wrong, could be wrong)
This is outta control

(It could be wrong, could be wrong)
It could never last
(It could be wrong, could be wrong)
Must erase it fast
(It could be wrong, could be wrong)
But it could've been right
(It could be wrong, could be...)

Love is our resistance!
They keep us apart and won't stop breaking us down
And hold me, our lips must always be sealed

The night has reached its end
We can't pretend
We must run
We must run
It's time to run

Take us away from here
Protect us from further harm
Resistance!"