segunda-feira, 26 de julho de 2010

Noções de competitividade (ou como aprender o que é a vida com uma criança de 4 anos)

A acção decorre durante um jogo de matraquilhos. Os intervenientes são a própria criança de 4 anos (N.), eu (Prima A.) e a Tia M.
A N. e a Tia M. são da mesma equipa. Eu sou "o adversário".

N. - Prima A., quero ganhar!
Estratégia milenar de intimidação do adversário: demonstração de uma vontade férrea e inabalável de vencer. Nota mental: uma criança de 4 anos já sabe exercer esta arte com mestria.
Tia M. - Minha querida, não podemos sempre ganhar, perder também faz parte da vida...
Terminada a afirmação, pisca-me o olho, numa expressão não verbal que entre adultos significa: ganha o jogo para lhe ensinarmos a importância de lidar com a perda. Assim fiz, obviamente de forma subtil, garantindo a vitória por uma margem de 3 golos. No final:
Tia M. - Vês minha querida, perdemos mas não faz mal. Estamos contentes na mesma, porque a prima A. ganhou, não é?
N. olha para Tia M. de lado, sobrancelha esquerda semi-erguida (confirma-se: é um talento que passa através das gerações no seio desta família), e diz-me:
- Prima A., para a próxima quero antes ser da tua equipa, está bem?
Julgavas que lhe ensinavas uma lição, Tia M.? Vê lá mas é se aprendes a competir, ou então sujeitas-te a ser a última escolha de todas as equipas...

Noções de posse (ou como aprender o que é a vida com uma criança de 2 anos)

- Olha, I., como é que eu me chamo?
- Prima A.
(E eis de que de repente todas as minhas questões existenciais se vêem respondidas, eis que a multiplicidade de identidades e papéis sociais que julgava desempenhar se vê resumida ao essencial: estou aqui para ser prima dela. É óbvio.)

- E tu, como é que te chamas?
- Bebé.
(Pois claro, se são os outros que nos dão existência, se eu própria estou aqui para ser prima dela, ela é aquilo que os outros lhe chamam: bebé.)

- Pois é, tu és o meu bebé.
- Não não, eu sou o meu bebé!
- Então, mas também és um bocadinho minha, não é?
- Não, eu sou só minha!
(Esta era escusada. Podia ter-me livrado de tão óbvia constatação. É claro que ela não é minha, ela é só dela. Crianças de 20, 30, 40 anos, têm ainda tanto por aprender...)

Logo se vê

Tempo de respirar fundo, de lembrar que algo só ganha importância depois de acontecer, de ter confiança em mim, de calçar as botas da tropa e ir para formatura aquando do toque da trompete! A continência fica p'ra outra altura!

domingo, 25 de julho de 2010

Perguntas que merecem resposta

Quem é que inventou as alianças e com que intuito? Já agora, era mesmo necessário serem coisas feias ou simplesmente aconteceu?

sexta-feira, 23 de julho de 2010

quinta-feira, 22 de julho de 2010

O martelo boomerang

Olá seres-que-conduzem-pelas-estradas-portuguesas-mas-que-desconfio-que-nunca-tiraram-a-carta. Sei que não são frequentadores assíduos deste blog, mas ainda bem que vieram cá hoje, porque tenho uma ou duas coisitas para vos dizer.
A primeira é: já morriam.
A segunda é: já morriam sozinhos, sem me levar atrás.
Como? - perguntam vocês.
Eu respondo com todo o gosto: espetando-se contra um poste, ou contra um muro, ou contra uma árvore. E não contra o meu carro. Ou atirando-se de uma ribanceira, ou de um precipício, ou do topo de uma montanha. E não de uma faixa de rodagem para outra, em direcção ao meu carro.
E agora vocês perguntam (que espertos, sempre a perguntar coisas!): mas que piada tem isso de morrer sozinho? Pois é, é como bater com um martelo na cabeça, não é? Não tem piada nenhuma. Já atirá-lo à cabeça de outra pessoa... É coisa para dar vontade de rir. Agora imaginem que o martelo se comporta como um boomerang. Vocês atiram-no à cabeça da outra pessoa, e enquanto riem à gargalhada, ele inverte o sentido e vem de encontro ao vosso crânio. E racha-o. Porque desta vez vem com mais força do que se simplesmente tivessem batido com ele na própria cabeça. Boa? Conclusão: vai doer-vos menos se morrerem sozinhos.

Para o Elísio

Há espinhas de peixe em quase todas as relações da vida. Com a convivência aprendemos a limar arestas, aprendemos a fazer cedências, aprendemos a fechar os olhos. Mas às vezes, raras vezes, tão raras que se contam pelo dedos da mão do Yoda, não é preciso aprendermos nada. Há amizades em que vem tudo em formato automático, em que já está tudo ensinado e só precisamos de aprender a não gostarmos tanto dessa pessoa que nos pese todos os dias não podermos partilhar um momento de todos os dias com essa pessoa. Ou então um pires de tremoços. Como a mim me pesa.

E é assim que eu gosto de ti, com toda a Força que mil milhões de midi-chlorians conseguem comportar.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Coisas-que-não-sei-pra-que-servem

Há já bastante tempo que sei que o meu cérebrozito tem as suas limitações, há quase tanto tempo quanto aprendi a aceitá-las. Por isso amigos, deixo aqui algumas coisas-que-não-sei-pra-que-servem, pois algum de vós pode dar uma forcinha às minhas sinapses. É natural que este post não englobe tudo aquilo que não compreendo e que, mais tarde, me surjam mais dúvidas, tão profundas e existenciais quanto as que se seguem, porquanto não excluo à partida tornar a este assunto mais tarde. Mas não vamos apressar-nos, vivamos um dia de cada vez, sem promessas. É o carpe diem das coisas-que-não-sei-pra-que-servem.

Primeira coisa: as leggins
Gosto de usar leggins mas daí a compreender a sua verdadeira essência amigos, vai um longo caminho. A origem das leggins remonta a não sei quando, e sinceramente não me interessa, mas só consigo colocá-las no meu álbum de memórias farrapais desde há, digamos, uns 3/4 anos. No início pensei: são meias! Mas não, pois não têm pezinhos. Alguém decidiu deixar o pezinho desprotegido, ao deus dará, vulnerável à brisazita do crepúsculo. Depois pensei: serão calças? Não me parece. E pus-me a mirar. Muitas e bastantes bolinhas e estrelinhas de cuecas que se fazem notar por entre as malhas. Definitivamente não são calças, embora haja muito quem ache que sim. Ora, e chegamos a um impasse (música de suspense), se não são meias, se não são calças... Aceitam-se como aquilo que são, uma coisa estranha que estiliza as pernas e vestem-se por baixo de vestidos que tapem o rabo. Resolvido!

Segunda coisa: os mosquitos
Há bichos lindos, fofinhos, estilosos, lustrosos, catitas, e há os mosquitos. Os mosquitos são um mistério tão grande para mim como o do ovo-galinha. Os mosquitos tchupam o sangue das pessoas, o que pode servir para transmitir doenças, mas não me parece que isso seja razão para deus nosso senhor manter um bicharoco por este mundo. Ele lá há-de ter outros desígnios, para mim insondáveis. Os mosquitos causam-me um bocadinho de irritação porque gostam de me picar e quando picam faz comichão e quando faz comichão eu coço e quando eu coço faz crostinha e quando faz crostinha fico triste. Não quero crer que um bicho exista para tchupar sangue, espero que não exista para fazer borbulhas, enoja-me que exista para causar comichão às pessoas e não consigo suportar a ideia de que exista para fazer crostinhas. Por isso não sei p'ra que existem os mosquitos e conto com a vossa ajuda para desvendar este mistério. Entretanto é continuar a chacina.

Terceira coisa: a díade bibelot/napron
Esta é bem capaz de ter sido a coisa que o demónio criou para rivalizar com deus nosso senhor aquando da criação do mosquito. A questão impõe-se: p'ra quê? De todas as coisas-que-não-sei-pra-que-servem esta pode não ser a mais irritante mas é, se dúvida, a mais feia. Dentro da categoria bibelot podemos encontrar diversas relíquias, onde se enquadra por exemplo o pato/cisne com espacinho para pôr as canetas ao lado do telefone. Mas claro que o pato/cisne não pode estar em contacto directo com o móvel de mármore, porque tem frio nos pezinhos e constipa-se, daí surgir o napron. Porquê a renda? Não sei e não quero falar mais sobre isto. Causa-me um certo sofrimento.

E pronto, é isto que tenho para já. O agora é mais daqui a bocado.


Música bem gostosa

Dor de vida

A vida doía-lhe a cada novo dia. Nunca chorava, porque enquanto a vida lhe doesse saberia que continuava viva. Às vezes duvidava que aquela pele fosse a sua. Por isso a rasgava, em silêncio. Cada sulco era a marca de uma dor que quisera sentir, que precisara de sentir. Enquanto o corpo lhe doesse saberia que lhe pertencia ainda.

Fantasias

Não me importa se não vens, eu fico à espera. Porquê? Não sei. Quem espera sempre alcança. Duvido. Mas não espero para alcançar. Então? Espero porque é assim que sou. Porque a realidade não o é. Pelo menos agora. Sem ti.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Isto não é só atar e pôr ao fumeiro!

Não sei bem se é o amor que tolda o raciocínio desta gente. Tenho dúvidas de que saibam o que é o amor. Na verdade, andam tão distraídos em alugar autocarros vindos da Sertã que nem se apercebem de que toda aquela parafernália que envolve o acontecimento marcante que se supõe o casamento, muito se distancia já do primeiro objectivo que seria partilhar uma união simples com aqueles de quem mais se gosta. Aqueles de quem mais se gosta transformam-se nos tios que raramente se vêem, nos primos que causam irritação profunda, nas tias-avós por quem o sentimento de indiferença é recíproco.
Na verdade esta gente pouco sabe do amor. Não sabem que, para que ele exista, seja, esteja, continue, não é preciso nada disto. Não sabem que o importante não é ter um marido, é ter um companheiro e o que transforma um homem/mulher num companheiro(a) não é um padre nem um juiz, é aquilo que sentimos quando olhamos para ele(a) e ele(a) olha para nós, sem que se diga nada, sem que seja preciso. É disto que muita gente se esquece, é isto que impede o mundo de ser um sítio melhor. O amor existe sem festa e sem sentimento de posse e sem presença e sem reciprocidade e sem tempo para existir, e sem que seja preciso dizer, porque o amor és tu, agora e sempre, sem mais nada.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Dicas para pessoas-que-pensam-um-dia-vir-a-casar

Bem sei que o amor tolda o raciocínio. Por isso, pessoas casadoiras, estou aqui hoje exclusivamente para vos ajudar, partilhando convosco algumas ideias que pude gerar a partir da minha experiência de pessoa com raciocínio claro e eficaz.
1. Ok, tomaram a decisão de casar. Ok, querem convidar família e amigos para partilhar o momento convosco. Parto portanto do princípio que pretendem que os vossos convidados tenham disponibilidade para ir, estar e aproveitar a festa. Sendo assim, a opção "domingo à tarde" deve ser automaticamente eliminada da vossa lista. Ok, não há mais vagas durante o mês de Julho. Reparem, um ano tem doze meses, um casamento não tem que ser realizado em Julho. A noiva está prenha? O noivo tem um aneurisma que pode rebentar a qualquer momento? Hm, Julho é um mês "especial". Ok. Pois fiquem sabendo que uma especialidade também é ser convidado para um casamento que vai decorrer a mais de 200km de distância de casa, a um domingo à tarde, e trabalhar no dia seguinte de manhã. Sabem, meus queridos, possivelmente não vos vai ocorrer, porque depois do casamento o vosso único compromisso terá lugar nas ilhas Maurícias, mas a maioria das pessoas que convidarem, aquelas que tiverem entre 18 e 65 anos, terão, com alto nível de probabilidade, um trabalho. E, muito provavelmente também, esse trabalho inicia-se às segundas-feiras de manhã.
2. Pronto, já pensaram melhor, e o casamento afinal vai ser ao sábado. Óptimo, lindos meninos. Agora, querem que a cerimónia religiosa decorra naquela igreja super especial, porque o tecto foi pintado à mão, porque é pequenina e fica numa aldeia pitoresca, porque o padre é novo e diz piadas. Óptimo. Voltando à questão de convidarem pessoas. Se pretendem mesmo que as pessoas assistam à cerimónia, e se entretanto tiverem oportunidade de pensar um bocadinho e se lembrarem que só descobriram essa igreja por acaso, e que até já andavam perdidos no meio de nenhures há um bom par de horas quando deram com a aldeola, vão facilmente compreender que uma outra pessoa dificilmente vai passar pela mesma situação e encontrar a dita igreja também por acaso. Tenho uma ideia, talvez seja demasiado vanguardista, eu sei. Mas o futuro faz-se de inovação, não é? E que tal - calma, respirem fundo, vocês são capazes - incluir no convite - preparem-se - indicações de percurso? Um mapa, um esquema, umas setas e assim... E - mais inovador ainda - que tal coordenadas de GPS? Pronto, agora fui longe de mais. Eu sei. Mas uma coisa vos garanto: não fui mais longe do que no domingo passado, às três da tarde.

sábado, 17 de julho de 2010

E como Filipe Gomes disse um dia (há bocadinho)

"Melhor é sempre quando o amor se intromete no beijo, deixando os corpos a pairar."

Vim às mixas

- Pois que vim.
- "Pois que vieste, mas porquê?"
- Pois que vim porque tinha coisas para te dizer.
- "Pois a mim que me interessam as coisas que tens para me dizer?"
- É esse o interesse - não saberes à partida o que trago para te dizer que te possa interessar.
Olhar de desdém
- Por agora permite apenas que te mostre quem sou.
Gesto de anuência
Gosto de estar aqui. Gosto de falar contigo. Gosto das manhãs e aprendi a gostar das noites.
Não gosto de tempo perdido. Não gosto de gritos.
Gosto de sorrisos. Gosto de rir até me doer a barriga.
Não gosto de pieguices. Não gosto de mentiras. Não gosto de mediocridade.
Gosto dos velhos que me ensinam coisas. E das coisas que aprendo com as crianças - Sabes, ontem vi um menino, tinha no máximo 6 anos, levava a irmã mais pequenina por uma mão, e quando ela caiu porque o bracito dele não teve força suficiente para a segurar quando ela tropeçou numa pedra, ele abraçou-a, sorriu-lhe e disse que já tinha passado. Quando olhei melhor, era ele, e não ela, que tinha uma lagrimita a correr pela bochecha.
Mas não gosto de pieguices. Por isso se contares a alguém que gosto de sentir o coração aconchegadinho vou negar sempre.
Com o tempo vais perceber.

Patadas de Ninja

quarta-feira, 14 de julho de 2010

terça-feira, 13 de julho de 2010

Para o Guilha

Guilha, no meu dinamómetro não há força maior que a da nossa amizade :)

Trivialidades

Há três coisas muito más no mundo:

  1. A nha mãe
  2. O mêirmão
  3. O môpai

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Há coisas que não nos ensinam na escola, nem na faculdade, nem em MBAs, nem em pós-graduações! Há coisas que só nos ensina a vida. Uma delas é engolir sapos. E isto, meus amigos, não é amor, é mesmo resiliência.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Marina




"Marina me dijo una vez que sólo recordamos lo que nunca sucedió. Pasaría una eternidad antes de que comprendiese aquellas palabras.

No sabía entonces que el océano del tiempo tarde o temprano nos devuelve los recuerdos que enterramos en él.

Todos tenemos un secreto encerrado bajo llave en el ático del alma. Éste es el mío."

Pêgas... Muita Atenção!

Testes de Paternidade vão começar a ser vendidos em parafarmácias

Trata-se do único teste de paternidade que esteve à venda nas farmácias, o UNODNA Trust, que é um dispositivo que compara os perfis de ADN do homem e da criança, através de dois kits para recolha de amostras de saliva que são posteriormente enviados para um laboratório. Os resultados finais chegam por meio informático, depois de o cliente instalar um programa no computador, que é enviado com o teste.

A 8 de Junho - menos de um mês após o início da comercialização deste produto nas farmácias – a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) emitiu uma circular, na qual esclarece que “os testes de paternidade não são considerados dispositivos médicos para diagnóstico
in vitro por não se destinarem a um fim médico”. Por esta razão, deliberou o Infarmed, “as farmácias que possuam testes de paternidade em stocknão os poderão vender ou utilizar, devendo proceder à sua devolução”.

Esta decisão apanhou de surpresa o responsável da empresa que comercializa o teste, que disse agora que a mesma obrigou a uma certa ginástica logística e mudanças ao nível da distribuição. Segundo Mário Mendes, o produto vai continuar à venda, mas agora nas parafarmácias, embora só nas que “ofereçam informação e segurança”: a empresa diz fazer questão que o produto só seja vendido em estabelecimentos que disponibilizem um acompanhamento farmacêutico. Mário Mendes defendeu ainda que a decisão do Infarmed não é necessariamente “imutável”.

in Público

terça-feira, 6 de julho de 2010

Farta de homens poucos machos...

Sinta-xe

Doía-lhe o estar, o ser, o existir. Doíam-lhe os verbos todos. Os verbos e os nomes e a ponta do nariz, vermelhinha do sol. Começavam já a doer-lhe também os adjectivos, até os bons, só sabia responder-lhes com reticências, reticentemente mas só com dois pontos porque tinha preguiça.. Que calor! Doíam-lhe os resumos e sumários das coisas boas. As recordações são tudo o que temos. Hoje somos o que fizemos. Amanhã seremos o que fazemos (doía-lhe o presente do indicativo). Tinha tudo o que sempre quis e nada do que realmente precisava, ponto de exclamação

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Há bocado...

Escrevi um texto grande, com muitas linhas, como se em cada uma delas fosse cabendo a minha tristeza. Deitei-o fora, já nem escrever me alivia.