quinta-feira, 30 de setembro de 2010

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Porco doce

Olhas para mim com a segurança de quem encontrou o gostar. Pedes-me uma mão emprestada, para o caminho. No coração levo tranquilidade e na outra mão o livro que me ofereceste. Sentas-te, mas o gesto não transporta cansaço. Em silêncio, contas-me tudo o que preciso saber. Inundas-me os sentidos de verdades que só mais tarde vou conseguir assimilar. Mais tarde os ritmos do corpo acompanharão os da alma. Mas ainda não.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Pozinhos de perlimpimpim

Tentamos parecer, estar, ser de acordo com aquilo que os outros esperam de nós. Se, por algum motivo, somos diferentes, sentimos constantemente que defraudamos expectativas. Quando não somos aquilo que sentimos que é esperado, começamos a acreditar que aquilo que queremos ser é aquilo que os outros querem que sejamos. É aqui que começamos a desiludir-nos a nós próprios, a sentir que, por muito que façamos, nunca vamos conseguir responder adequadamente à nossa sede de querer ser mais e melhor. Mas a sede não é nossa. 

Acontece que, às vezes, num momento de distracção (quase sempre depois de uma sesta no sofá), paramos para nos perguntarmos o que queremos ser realmente, onde queremos verdadeiramente estar, com que escolhas não nos importamos de ter que viver o resto das nossas vidas sem sentirmos pena de não ter vivido, arrependimento por termos feito ou mesmo, e pior que tudo, indiferença em relação a tudo o que podíamos ter feito e sido e ao que fizemos e fomos. E é nestes fugazes momentos de lucidez que a verdadeira tristeza aparece. Mas também a esperança e a inspiração, porque aí percebemos que tudo depende (sempre) de nós.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Elísio...

...deve haver (imagino) mais de um milhão de maneiras de tocarmos alguém. Às vezes sorrimos, outras vezes olhamos, às vezes chegamos mesmo a mexer. É sabido (por todos, e até por mim) que não há força de toque com mais Newton que a palavra.

Hoje tocaste-me como há muito tempo não sentia, sem sorrir, sem mexer, com todos os Newton do mundo.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A puta da bida

Catarse

Sim, sou eu, aqui. Imperfeita! Ser cheia de defeitos e malícias e ironias. Nem todas as horas do existir chegariam para enumerar tudo aquilo que tenho de mau. Embora saiba que nada disto joga a meu favor (esta carência e este rasgo grotesco de sinceridade) não consigo evitar desnudar-me do pouco orgulho que me resta e da fraca capacidade de auto-preservação que ainda mantenho e dizer que tenho uma saudade doentia, quase obscena de tudo o que não aconteceu. Tudo o que é meu de tanto o desejar. Saudade é dizer pouco. Amor.

"P'ra quem mora lá, o céu é lá"

O caminho era estreito e tortuoso. A lama cobria rapidamente as pegadas acabadas de imprimir. Os ramos das árvores eram riscos difusos entrecortando o nevoeiro quente e pesado. Dos medronhos maduros pingava a goma que aos poucos lhes cobria a pele. O sol rompia, ardente, o manto de folhas que lhes pendia sobre as cabeças. Dos caracóis dela caíam pingos grossos que lhe escorriam pelas costas. As mãos dele, transpiradas, escorregavam das mãos dela. A humidade pesava-lhes nos músculos, nos ossos, na pele. Os movimentos eram lentos e espaçados.
Não tinham pressa.
Não iriam para outro sítio que não aquele,
não viveriam outra vida que não aquela,
não queriam nada para além do que ali tinham.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Acelera!

Porque há estradas que merecem ser percorridas...

http://en324.blogspot.com/


terça-feira, 7 de setembro de 2010

Qualidade



"Crazy, I'm crazy for feeling so lonely
I'm crazy, crazy for feeling so blue
I knew you'd love me as long as you wanted
And then someday you'd leave me for somebody new
Worry, why do I let myself worry?
Wond'ring what in the world did I do?
Crazy for thinking that my love could hold you
I'm crazy for trying and crazy for crying
And I'm crazy for loving you
Crazy for thinking that my love could hold you
I'm crazy for trying and crazy for crying
And I'm crazy for loving you."

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Ao sair do elevador

Há momentos em que os suspiros são saudade, tristeza ou resignação. Há momentos em que são só cansaço. Há momentos em que são ritual de preparação para algo grande, intenso, quase transcendente.
É preciso saber suspirar. É preciso conseguir pôr o ar bem cá para dentro, com o ritmo ideal, espaçado, perfeito. Encher os pulmões tão perfeitamente que se faça da elasticidade mais do que uma propriedade, quase magia. E depois expirar com tanta lentidão quanto a consciência de sabermos que aquele momento é importante consegue permitir. E depois suspirar de novo, mas só se for possível.

domingo, 5 de setembro de 2010

sábado, 4 de setembro de 2010

Porque é assim a amizade

Noites de reflexão
Bastante bem regadas
De "lhec" e compreensão
Reflexão de vidas passadas

As vidas recalcadas
Que fazem uma feridinha
Têm que ser ultrapassadas
Pra seguirmos com a vidinha

E depois desta conclusão
Um abraço a três no sofá
A vida não é confusão
É carinho deste bom, oh pá

E porque é assim a amizade
Olhas para nós com essa pose
De indulgência e sabedoria
Enquanto pões o La Vie en Rose

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Mitos e falsas verdades

Uma vez que o nosso tempo é extremamente rico em mitos resolvi tomar alguns minutos para, antes do meu sono de beleza, vos deleitar com a minha visão apurada do mundo. Isto só porque vocês merecem.

Assim, entregue e dedicada a um quase serviço social, deixo-vos as cruas verdades que teimam em negar-nos.


Mito nº 1 - Um homem que preste atenção ao que nós (mulheres) dizemos é bom

Não me interpretem mal, não é que seja bom ter ao nosso lado uma pessoa que ache que o som de um comboio a passar é mais agradável que o som da nossa voz, mas a verdade é que os homens de quem mais gostamos são aqueles que não dão demasiada importância às nossas dissertações sobre absolutamente nada. O facto de ele perceber que 90% do que dizemos carece de qualquer relevância e nexo só nos faz perceber quão inteligente e equilibrado ele é e o facto de ele acenar a cabeça e sorrir, mesmo não tendo ouvido nada, dá-nos a indicação de que, por muito parvas que ele ache que somos, se esforça para nos manter contentes e satisfeitas, ou seja, sossegadas (e se possível caladas) durante algum tempo.


Mito nº 2 - O ciúme é uma coisa má

De notar que, quando falo de ciúme aqui, refiro-me a níveis não patológicos de sentimento de pertença. Quem é que pode dizer que nunca desejou (e até fez alguma coisa por isso) que o seu mais-que-tudo-excepto-tudo-aquilo-em-relação-ao-qual-é-menos sentisse uma pontinha de ciúmes em relação a si? É normal que queiramos sentir que a outra pessoa não está completamente a dormir, convencida de que é tão espectacularmente maravilhosa que não haverá qualquer possibilidade de surgir alguém que lhe faça uma sombrazita. Além disso, quando alguém sente ciúmes é sinal de que, de alguma maneira, somos importantes (nem que seja só porque conseguimos ferir o ego de outrem). A ter em conta que, quanto maior o esforço (a maior parte das vezes ridiculamente inglório) de disfarçar o ciumezito maior é o gozo que dá. Esta parte não sei explicar porquê... Talvez seja porque ninguém gosta realmente da chamada "Cena de ciúmes" mas sim da ciumeira em si mesma e do sentimentozito (ainda que instantâneo) de poder que dá.


Mito nº 3 - Sexo ocasional é mau

Este, senhoras e senhores, é o grande mito dos nossos tempos. Estivéssemos nós noutra estação do ano, digamos o Inverno, dir-vos-ia que tal é a pura verdade. Sexo com amor é que é. E é. Mas está calor. E não é um calor qualquer.