terça-feira, 20 de julho de 2010

Isto não é só atar e pôr ao fumeiro!

Não sei bem se é o amor que tolda o raciocínio desta gente. Tenho dúvidas de que saibam o que é o amor. Na verdade, andam tão distraídos em alugar autocarros vindos da Sertã que nem se apercebem de que toda aquela parafernália que envolve o acontecimento marcante que se supõe o casamento, muito se distancia já do primeiro objectivo que seria partilhar uma união simples com aqueles de quem mais se gosta. Aqueles de quem mais se gosta transformam-se nos tios que raramente se vêem, nos primos que causam irritação profunda, nas tias-avós por quem o sentimento de indiferença é recíproco.
Na verdade esta gente pouco sabe do amor. Não sabem que, para que ele exista, seja, esteja, continue, não é preciso nada disto. Não sabem que o importante não é ter um marido, é ter um companheiro e o que transforma um homem/mulher num companheiro(a) não é um padre nem um juiz, é aquilo que sentimos quando olhamos para ele(a) e ele(a) olha para nós, sem que se diga nada, sem que seja preciso. É disto que muita gente se esquece, é isto que impede o mundo de ser um sítio melhor. O amor existe sem festa e sem sentimento de posse e sem presença e sem reciprocidade e sem tempo para existir, e sem que seja preciso dizer, porque o amor és tu, agora e sempre, sem mais nada.

11 comentários:

The Next Jason Team Member disse...

Ainda a propósito de diferentes perspectivas sobre o que é o amor...

http://www.youtube.com/watch?v=zZbqQ-aeXO0

Tchapada? Murraça no estômago! Pam!

harness disse...

pluamorrredidjêus. não estais fartas da definição "a sério isto é que é o amor, olha o amor existe! é assim e é tão fofinho! e são todos tão intelectuais" desta vaga começa-por-ser-refrescante-mas-já-enjoa dos novos filmes indie dos eua?

a sério, alguém lhe diga para parar.

The Next Jason Team Member disse...

Hm, acho que, se viste este filme, não o interpretaste da mesma forma que eu. Mais um desencontro comunicacional, provavelmente. A definição a que te referes parece-me estar mais frequentemente subjacente a filmes provenientes do mesmo conjunto de estados americanos, porém enquadrados no género "comédia romântica". Dessa definição, sim, estou farta - ou por outra, não me revejo nela. Quanto à definição de amor que passa no filme a que me refiro, se é que se pode falar de uma só definição, não vejo como pode coincidir com "olha-o-amor-existe-e-é-assim-e-é-tão-fofinho".

harness disse...

epa eu adoro o 500 days of summer mas em última instância é mais um filme indie a dizer que o amor é como eles dizem, e é fofinho, e é intelectualóide, e é com expressões que ficam bem bem na televisão, e olha somos geeks e nerds e todos desengonçados e quando falamos tá tudo mal mas tá tudo bem. esta vaga de filmes é toda assim. o youth in revolt, também, etc etc etc. eu gosto da grande maioria destes filmes, mas já enoja a forma persistente com que vendem essa ideia de amor - em última análise tão falsa e comercial como a das "comédias romanticas" tradicionais do mainstream americano.

Aiedail disse...

A verdade é que consegue ser tudo mais parvo e desengonçado na vida real que nos filmes indie ou nas comédias românticas!

Reality sucks even more!

The Next Jason Team Member disse...

Em última instância cada um de nós anda a tentar "vender" a sua ideia de amor. Fofinho, intelectualóide, lamechas, livre, silencioso, whatever. São todas ideias falsas? Comerciais? Provavelmente. Who cares? No fundo continuamos todos a vivê-lo à nossa maneira, da melhor forma que sabemos e podemos. A vida não é um filme indie, e muito menos uma comédia romântica. É o que é. Deal with it.

O Mecânico disse...

eu cá acho que não há nada mais bonito que o amor por um motor a dois tempos de 125cc. Isso sim, é fofinho.

harness disse...

tsc tsc vender a sua ideia de amor? não andamos todos. há quem como o mecânico o entenda como ele realmente é. um carburador ou uma vela, e nada mais. tudo o resto é sonhos de verão e castelos no ar

harness disse...

mas concordo e sublinho o que a aiedail escreveu: possivelmente é a resenha objectiva e concreta que eu não tive capacidade para fazer. obrigado mixa

Aiedail disse...

Mecânico, fofinho fofinho era veres-me o nível do óleo ;)

Não tem nada que agradecer o senhor Harness. E digo mais, se a realidade é dolorosa, porque não viver na fantasia? Mal não faz...

The Next Jason Team Member disse...

"tsc tsc" é uma onomatopeia que não aprecio, na medida em que traduz condescendência. Prefiro "chuac" mas isso são sonhos de verão e castelos no ar.

Mecânico, obrigada por uma vez mais trazeres poesia às nossas vidas :p

Aiedail, obrigada por iluminares o Mundo e a nós pobres de espírito com toda a tua clarividência.