segunda-feira, 30 de agosto de 2010

sábado, 28 de agosto de 2010

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Da arte da manipulação (e do uso da metáfora)

Lembro-me de quando a minha tia-avó, exímia contadora de histórias, me falava dos tempos em que, enquanto farmacêutica, passava grande parte dos seus dias a preparar manipulados, como ela costumava dizer. Juro que conseguia sentir os cheiros dos químicos, imaginar os frascos de um vidro grosso e frio e ao fundo a chama ténue da lamparina. Mais do que o ambiente, em parte descrito, em parte por mim criado, fascinava-me a arte. O talento de manusear elementos químicos, potencialmente instáveis, possivelmente perigosos, e ser capaz de o fazer utilizando as quantidades exactas, as medidas certas, criando misturas perfeitas e ao mesmo tempo únicas, irrepetíveis. Na altura compreendia já que a manipulação era uma ciência. A presunção está vedada ao manipulador eficaz. Negligenciar as características de um produto químico instável equivale a pôr em risco o resultado da nossa experiência. A manipulação, por paradoxal que pareça, requer humildade, manifesta na capacidade de antecipar as reacções do produto manipulado.

Muito ódio...

...e um bocadinho de rebarba.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O amor faz-se devagar

Há ritmos que devem ser respeitados. O amor constrói-se com cadências espaçadas por intermináveis momentos de hesitação. O amor faz-se assim, de inseguranças e vergonhas. O amor faz-se com tempo, tempo de conhecer, de adorar, de detestar, de questionar o porquê, e de desejar que não, e de saber que não vale a pena querer voltar atrás, porque agora o amor já está, já é, e agora és parte da minha vida, não percebi muito bem como, mas gosto, e sabe-me bem, e não te trocava por nada, nem por ninguém, apesar de tudo. E é isto o amor, um conjunto de dúvidas e suspiros e perguntas e lágrimas e risadas, bem distribuídas por dias e horas e minutos e sobretudo momentos, porque o amor faz-se assim, devagar.

domingo, 22 de agosto de 2010

O que há em mim é sobretudo cansaço

"O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, e um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo. Íssimo,
Cansaço."

Álvaro de Campos

sábado, 21 de agosto de 2010

Caralho foda-se caralho odeio-te roberto da merda... bai-te embora do Benfica, não nos fodas mais a bida. bai-te embora jáaaaaa odeio-te odeio-te odeio-te

Pérolas - Parte 2

No caminho para minha casa não há restaurantes com nomes convidativos nem estabelecimentos de venda de peças metálicas com nomes sugestivos. Mas há habitantes com elevados padrões de justiça.


Legenda do cartaz: Se me faltar alguma coisa vou a tua casa e corto-te um braço.

Legenda do nome da rua: Rua da Serena.



sexta-feira, 20 de agosto de 2010

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Passamos a vida a tentar

Tentative de l'impossible
René Magritte

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Como diz uma grande amiga minha

A lucidez mantém-se, e é a partir dela que tudo o que é saudável se constrói.

Pérolas

Hoje a caminho do trabalho passei pelo restaurante snack-bar "Com'Aqui".

À vinda pra casa passei pelo estabelecimento de venda de peças metálicas "Dureza".


terça-feira, 17 de agosto de 2010

You got to love your job!

Empresa: Grupo Azurée & Aiedail, S.A.

Localização: Lisboa, com possibilidade de oportunidades de carreira internacional

Nº de vagas: 2

Descrição da Empresa: O Grupo Azurée & Aiedail, S.A. é um grupo líder, com uma posição sólida no mercado em que actua. Devido a essa mesma posição e à natureza do seu negócio oferece a oportunidade de construção uma carreira estável e duradoura para os candidatos que melhor se adequem ao perfil pretendido.

Descrição da Função: Para o desempenho desta função o Grupo Azurée & Aiedail, S.A deseja apostar em dois candidatos com forte motivação na área das relações não patológicas. Os candidatos que vierem a ocupar esta função terão como principais actividades:
  • Idas periódicas ao cinema, estando vetado o consumo de pipocas e qualquer outro produto que cause ruído
  • Mimo regular mas não sistemático, pautado por noções de razoabilidade
  • Actividades de cariz social com parceiros de negócio e fornecedores externos
  • Planeamento e organização de actividades recreativas libertadoras de stress ao fim-de-semana
  • Execução de actividades também recreativas e libertadoras de stress mas com um cariz um pouco mais lúdico pela manhã e antes de adormecer
  • Partilha através do diálogo daquilo que foi o seu dia/semana e das suas preocupações e pensamentos, nunca descurando a privacidade e individualidade a que os candidatos têm direito
  • Actualização regular da sua própria Descrição de Função, visando uma constante melhoria na resposta às demandas que forem surgindo
Perfil do Candidato
O candidato ideal deverá:
  • Ser socialmente competente
  • Responder activamente por outro meio que não grunhidos e silêncios às sucessivas tentativas de comunicação
  • Cheiro a macho (humano e não equestre)
  • Possuir as competências Orientação para a Acção, Orientação para o Cliente Interno, Capacidade de Relacionamento Interpessoal, Resolução de Problemas e Inteligência Emocional como um todo - factores eliminatórios
  • Valoriza-se a capacidade de análise de situações críticas bem como a capacidade de argumentação e, sobretudo, de negociação
  • Um dos candidatos terá que gostar de futebol - ser do Benfica é factor preferencial. Caso seja de outro clube ficará sujeito a uma diminuição significativa nas actividades recreativas libertadoras de stress com carácter lúdico
  • Sentir absoluto repúdio pelo novo Acordo Ortográfico
  • Possuir barba será indubitavelmente uma vantagem competitiva.
NOTA: Manifestações de sentimentos de posse e exigências exacerbadas serão considerados comportamentos inaceitáveis, sendo alvo de instauração de processo disciplinar.

Oferta: Oferece-se um pacote salarial bastante atractivo, complementado com um vasto conjunto de benefícios e regalias vigentes no
Grupo Azurée & Aiedail, S.A. Proporciona-se a oportunidade de crescimento pessoal, potenciado pelos desafios constantes oferecidos pelo daily business da função.

Se acha que corresponde ao perfil pretendido e tem vontade de trabalhar numa empresa única no mercado, arrisque! Mande-nos o seu CV com foto actualizada e Carta de Apresentação.

Grandes desafios o aguardam!

Se não me irritarem não sou vil

Hoje fui ver o filme "The Expendables" ("Os Mercenários"). A tradução era tão mas tão boa que numa cena de tiros e pancadaria a personagem interpretada pelo Stallone diz ao parceiro "I'm out", tentando explicar-lhe que ficara sem balas e que ele teria a partir daquele momento que os defender a ambos com a sua bazuka enorme e terrivelmente mortífera, e a legenda dizia "Estou cá fora". Já lá canta o e-mailzinho de reclamação por parte desta vossa amiga.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A bater o pezito... :)

Superfarta da superestupidez, superignorância e supermediocridade

Certo dia, nos idos anos 90, foi aprovado o "Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa". A sua implementação foi bastante contestada, em grande parte pelos portugueses, mas penso que os motivos de tal contestação se prendem com o desconhecimento destes argumentos (http://www.priberam.pt/docs/acortog90.pdf):
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- "É indiscutível que a supressão de consoantes mudas ou não articuladas (como "p" na palavra "óptimo") vem facilitar a aprendizagem da grafia das palavras em que elas ocorriam. De facto, como é que uma criança de 6-7 anos pode compreender que em palavras como concepção, excepção, recepção, a consoante não articulada é um p, ao passo que em vocábulos como correcção, direcção, objecção, tal consoante é um c? Só à custa de um enorme esforço de memorização que poderá ser vantajosamente canalizado para outras áreas da aprendizagem da língua."
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- "A divergência de grafias existente neste domínio entre a norma lusitana, que teimosamente conserva consoantes que não se articulam em todo o domínio geográfico da língua portuguesa, e a norma brasileira, que há muito suprimiu tais consoantes, é incompreensível para os lusitanistas estrangeiros, nomeadamente professores e estudantes de português, já que lhes cria dificuldades suplementares, nomeadamente na consulta de dicionários, uma vez que as palavras em causa vêm em lugares diferentes da ordem alfabética, conforme apresentam ou não a consoante muda."
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Ora bem, já nos podiam ter explicado que o Acordo servia para ajudar as pessoas com défice cognitivo e dificuldades de aprendizagem. Todos nós, os portugueses teimosos, demonstraríamos a nossa solidariedade para com essas pessoas. Ninguém tem culpa de não ter a amplitude cognitiva necessária para aprender quais as palavras cuja consoante muda é um "p" e quais aquelas cuja consoante não articulada é um "c" e ao mesmo tempo efectuar outras aprendizagens relativas ao domínio da língua. Ou de não ser capaz de entender o padrão de organização de um dicionário e de o consultar eficazmente. Se nos tivessem explicado que eram estas as razões, aliás, se as tivessem explicado ao Mundo, talvez até os ingleses tivessem já abdicado de escrever "colour" em favor de "color" ou "dialogue" em prol de "dialog".
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Agora, uma coisa que não entendo é (se calhar este Acordo também foi redigido a pensar em mim): o que se prentende é unificar a ortografia, não é? E a ortografia tem a ver com a forma como se escrevem as palavras, certo? Hm. Então porque é que, à pala do Acordo Ortográfico, os iluminados jornalistas portugueses se acham no direito de criar palavras? Da última vez que consultei um dicionário (acho que ainda o sabia fazer) não me lembro de ter visto por lá a palavra "superotimista". Mas se calhar este é só um superato de objeção face à adoção do Acordo.

A Katy Perry anda a ouvir as nossas conversas

Esta senhora é parba e canta mal e tem músicas pirosas. Mas de certeza que escreveu esta depois de ter ouvido a nossa conversa de ontem.

domingo, 8 de agosto de 2010

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Estou carente, Estou de volta

Estou carente de uma felicidadezita, daquelas com borboletas no estômago e arrepios pela coluna acima (ou abaixo). Tenho saudades de chegar a casa e não conseguir dormir por só pensar em baboseiras (das boas) e fazer rewind a momentos dos que arrepiam a pele. Tenho de saudades de ser eu, quase sempre a rir com aquele riso ridículo, de pensar bem de quase todos, de encontrar sem andar à procura, porque as coisas acontecem-me assim, sem que me esforce. Tenho saudades dessa cartomancia. Tenho dado muitos tiros no pé, seja porque ache que os mereço, seja porque dá algum trabalho arriscar, mas a arma já não tem balas por isso (e é oficial), desisto. E toca a seguir em frente. Cartomancia, estás de volta! Benvinda!

Direito de resposta

Na arte da fofoca
Sois todos uns peritos
Pena é que no que vos toca
Sejais tão pouco expeditos

Lágrima tal não verteu
Dama de ferro, em janota
Pois que não é hábito seu
Lacrimejar feita idiota

Se foram super-poderes
Ou uma simples constipação
Por muito que saber quiserdes
A este propósito permanecerá a questão

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Oubi dizer

Não quero fazer chacota,
É só porque oubi dizer
Que a dama de ferro (em janota)
Pró cinema a lagrimita foi verter.

Mas diz que num foi da emoção,
Tinha os olhos a Pixar,
Se fosse um home machão,
Também desataba a chorar!