quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Coisas-que-não-sei-pra-que-servem #2

Saudações, amigos. Como sempre, é a vós que recorro quando a vida me apresenta charadas que não consigo decifrar (e são tantas). Nem todas cabem em palavras escritas e impressas e muito dificilmente haveria um disco com capacidade para correr tanta informação sem “enguiçar”. Digo isto porque o meu cérebro, apesar de jeitosinho, também não se pode dizer que funcione na perfeição com tanta dúvida existencial. Assim, numa continuação contínua de continuidade à massagem das sinapsezitas preguiçosas do meu cérebro, aqui deixo mais umas reflexões para que possamos todos meditar. Ou simplesmente dar as mãos e cantar o kumbaya (em falsete).

Primeira coisa: as sobrancelhas
Para quê? É a pergunta que não quer calar. Há todo um conjunto de pilosidades devidamente justificáveis e justificadas pela ciência e seus dignos representantes. Os pelitos e cílios da vida, segundo dizem os experts (ou espertos), servem pra impedirem os bicharocos (leia-se micróbios, bactérias e outros seres que podem fazer dói-doi) de entrar no nosso corpo. As pilosidadezitas normalmente encontram-se estrategicamente colocadas em locais de entrada e saída (de ar, xixi, ranhoca e outras cenas), precisamente para impedir que os agentes patológicos (bicharocos) tenham ali uma barreirazita que os impeça de se armarem em engraçadinhos e nos façam ficar doentes. O que não percebo é para que servem estes dois tufitos de pêlo em cima dos olhos... A sério. Para quê? É para darem que fazer à pinça? É para que a esteticista ganhe os 5€ mais rápidos/fáceis da sua vida? Ou é para a expressão facial de "Ui, desconfio, maroto!" ter mais graça? O bigodinho ainda percebo, é pra proteger a boquita, via por onde entra ar e comida e por onde saem ar e disparates. Expliquem-me por favor p'ra que servem estes dois empecilhos. 

Segunda coisa: o sinal de trânsito "acautela-te que pode cair calhau"
Este, amigos, é a jóia da coroa. O génio que inventou este sinal de trânsito não deve ter feito mais nada da vida, depois de ter cumprido plenamente a missão de marcar a Humanidade para todo o sempre com a sua sapiência. Ora, o que me intriga é basicamente isto: o que é que é suposto a pessoa fazer com este rico pedaço de informação? Então, cá vou eu na estrada, não é? Toda contente, trauteando uma balada de Tony Carreira, e vejo este sinal. Qual a atitude correcta? Ignorar? Acelerar? Travar a fundo? Começar a rezar e esperar que Deus Nosso Senhor tenha piedade de mim e segure as pedras com o seu dedito Divino até passar outro desgraçado que leve com aquilo em cima? Sim, porque se a pessoa vir o sinal das crianças a passar ou o da vaca que pode aparecer sabe que é suposto ir com mais atenção e mais devagar para qualquer eventualidade. Mas com o perigo de queda de pedras será que queremos mesmo ir mais devagar? Basicamente o que o génio criativo por detrás deste sinal nos está a dizer é: "Ouve, tou-te a avisar, podes levar com uns quantos pedregulhos na tromba por isso não digas que não sabias, percebes? Fazer alguma coisa para os tirar daqui dava demasiado trabalho portanto ficas prevenida. Não te estou a pedir para fazeres nada, só para teres noção que pode acontecer, para o caso de quereres estar informada." Este sinal de trânsito deve ser equivalente a um à entrada de uma ponte a avisar que pode haver um terramoto. Serve para alguma coisa? Não sei, digam-me vocês por favor!

Terceira coisa: bocejar
É importante referir que esta coisa-que-não-sei-pra-que-serve, apesar de, como o próprio nome indica, não saber pra que serve, me dá muita satisfação. Mas, porque até as coisas boas merecem ser questionadas, aqui vai. Ora então, estamos cansados, com sono, com preguiça, queríamos a nossa cama, o nosso edredon, o nosso peluche da águia Vitória para nos enroscarmos todos e dormirmos um soninho maravilhoso, e o que é que fazemos? Abrimos a boca até ao limite (às vezes até estalam os ossitos) e mostramos a cremalheira toda. Há vários fenómenos curiosos associados ao acto de bocejar: um ligeiro lacrimejar dos olhitos, do tipo "isto é tão bom, queria tanto uma sesta que só me apetece chorar"; é um fenómeno que quando é iniciado tem uma ocorrência cada vez mais frequente, quase como as contracções no parto "olha, já boceja a cada 5 minutos e tem uma dilatação da boca de 10 cm"; é um fenómeno que se   pega (quase como os bicharocos), quando alguém começa a bocejar numa sala, não tardará a que os outros se sigam. Amigos, este é realmente um fenómeno que me intriga e me fascina. Conto com o vosso auxílio.

Certamente mais dúvidas surgirão. O mundo é deveras um sítio misterioso, mas por hoje é tudo. 

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Hoje não é dia de piadas. Amanhã.


No dia em que me pedes palavras alegres, não consigo deixar de escrever as tristes. Não só porque ache que soam tremendamente melhor, mas também porque são as únicas que conheço, hoje. Quando as letras teimam em juntar-se de tal forma que o som das palavras que formam não é mais do que um pedaço de solidão, então não faz qualquer sentido contrariá-las. 
Sabes, o amanhã terá que ser, sem dúvida, um dia melhor que o ontem. Só porque o hoje não conta, porque é construído apenas em laivos de recordações do ontem e em construções piramidais, tremendamente complexas, cuja base são as memórias de amanhã. Memórias dos sonhos de amanhã. Memórias dos sonhos de amanhã que só serão amanhã. O hoje não é nada, não existe. Hoje sonho que o amanhã me traz aquilo que hoje não consigo ser e que ontem fui. Amanhã. Amanhã escrevo-te umas piadas. Se tudo correr bem.

Toma lá, coisa mai linda!