quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Inteligência emocional é

perceber que cada pessoa com quem interages tem um umbigo, e que se por momentos parares de olhar para o teu, vais aprender alguma coisa sobre ela, e sobretudo vais aprender muito sobre ti próprio.
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Exemplo: há dias falei com uma pessoa, mais velha, mais experiente, mais sabedora da profissão e da vida do que eu. a postura desta pessoa era a de quem assumia esse papel: ser mais. mais do que eu, mais do que todos.
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se estivesse concentrada a brincar com o meu umbigo, quando ele me disse "o facto de estarmos aqui os dois, sentados à mesma mesma, em igualdade de circunstâncias, no mesmo patamar, pode ter uma multiplicidade de interpretações", eu arrumaria esta afirmação numa das prateleiras que lá tenho (sim, o meu umbigo é muito arrumado), guardá-la-ia como sendo minha, dedicada a mim. no entanto, como tinha a lupa apontada para o umbigo dele (sim, no andar de cima venho equipada com equipamento de alta definição em termos de ferramentas de visão), percebi que ela se encaixava, isso sim, naquele caixote desorganizado e atulhado de lixo neurótico esquecido lá ao fundo, no canto.
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se estivesse sentada dentro do meu umbigo, e não a espreitar para dentro do dele, quando ele perguntou "o que é que sentiu ao entrevistar-me?", não tinha tido tempo de vir cá fora responder-lhe, ficava com aquela questão a ecoar entre os corredores. assim, como já estava à porta, só tive que sussurrar "faz as tuas arrumações e um dia talvez também consigas ver à lupa".

sábado, 16 de outubro de 2010

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Lição/verdade-universal-que-deverá-acompanhar-nos-para-todo-o-sempre






Há (poucas) pessoas verdadeiramente sábias a habitar o planeta e, por alguma estranha razão, há uma bela proporção de seres pertencentes a esta categoria que me dão o prazer de cruzarem o meu caminho. São estas pessoas que me explicam o sentido da vida, o porquê de estarmos aqui (seja lá onde isso for), o propósito de toda uma existência e de um total e, por vezes, vil investimento feito em sermos felizes (conceito para o qual ainda não defini parâmetros e muito menos um plano de acção). No fundo somos dignos entrepreneurs (empreendedores vá) neste mercado tão constantemente em crise que é a Vida. Digna é, sem dúvida, a dedicação, a enorme coordenação de esforços e a quantidade absurda de recursos que temos que despender  diariamente na consecução de tarefas que a Vida nos impõe. Isto, claro, porque fazermos simplesmente o que nos apetece não seria de todo Vida, mas sim uma irrecuperável perda de tempo, não é?

Mas deixemo-nos de reflexões filosóficas. A lição/verdade-universal-que-deverá-acompanhar-nos-para-todo-o-sempre que tenho o prazer de partilhar convosco hoje é, e cito: "as verdadeiras relações só são estabelecidas quando ambos os intervenientes se mandam mutuamente à merda". É bonito. Mas mais do que isso, profundo e perturbador. Porquê? Porque é verdade! Pensem bem, não neguem, como eu, à partida a validade inquestionável desta ideia genial (sim, de génio!). Pensem se não será verdade que, as relações reais, verdadeiras e duradouras que têm ou já tiveram com alguém não se pautaram por uma honestidade de tal ordem que o "Vai à merda, pá!" muito longe de ser insultuoso, chegou a ser, vá, um carinho, um cafuné, um "Gosto tanto de ti e sei que gostas de mim, de tal forma que sei que te posso dizer isto tudo e vamos continuar amigos, namorados, amantes (aqui há dúvidas, pelo menos no próprio dia), sem que nada seja posto em causa". E isto aconchega a alma, faz quentinho e reconforta, quase como se fosse possível alguém gostar de nós (quase) incondicionalmente. 

Se eu tivesse sabido disto, tinha-te mandado à merda mais cedo.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Eu não sou daqui, porque danço

Há dias nos quais o nosso sangue transporta pouco mais que cafeína. Nesses dias os glóbulos vermelhos já quase perderam a cor, os glóbulos brancos já mal nos protegem que coisa alguma, as plaquetas, de tão apáticas, deixar-nos-iam morrer de um corte com uma folha de papel. Há dias em que as sinapses de tão preguiçosas, não nos deixam pensar. Mas mesmo nesses dias, o coração não pára. 

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Estudasting!

Há um pouco de mim nas frases que escreves, nas pancadas que dás na mesa, que não está ali para comer, mas sim para ocupar espaço como tantas outras coisas. Há no mar, onde passo de manhã, um sentir de cansaço e vitalidade. A confusão é muita, quase tanta como esta, mas não. Haverá um pouco de ti naquilo que lembro como bom. O mau não se lembra, sente-se no corpo. Há palavras que não escrevo, não porque não possa, mas porque não quero.