Não há nada pior que a indiferença!
domingo, 10 de junho de 2007
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"E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre." Miguel Sousa Tavares
4 comentários:
hoje eu morri (ou o poema da indiferença)
Dou passos arrastados na areia
A maré removerá todos os vestígios
Arbustos mortos rolam na rebentação
O horizonte respira melancolia
Navios duvidosos vogam em direcção a Ormuz
Pescadores enrolam redes remendadas
Um gato procura abrigar-se da pesada chuva
O chamamento do mulá perde-se nas ondas
Recitando uma oração volátil
Mensagens de submissão incondicional
Cantos para Deus, que não desejo ouvir.
Sou aquele que sempre deu a outra face
Fui mil e uma vezes agredido
E em mil ocasiões tudo perdoei
Educado para dar, sem nada esperar
Nunca neguei um apoio gentil
Jamais regateei uma palavra doce.
Porém, hoje eu morri
A visão do mundo turvou-se
Os sons destilaram-se em silêncio
O sangue esvaiu-se lentamente
Parti sem prantos ou lágrimas
Quando me quis, já não me encontrei.
O meu fantasma acordou agnóstico
Ergueu-se com um sabor de fel na boca
Olhou para inúmeras cicatrizes por sarar
Todavia sentiu-se incapaz de sofrer
Sacudiu a areia dos farrapos que lhe cobriam a alma
Soltou o espartilho dos seus valores
Envergou vestes de imaculado negro
Sorveu uma deliciosa taça de indiferença
Sentiu-se mais vivo que em vida
Já nem todas as faces merecem um sorriso.
M.Daedalus
e eu sei tao bem...
foda-se
upa la la
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