O eu sentir quando penso
e pensar enquanto sinto
origina um labirinto
onde me perco e convenço
de que tudo é indistinto,
do que o mundo se organiza
desorganizadamente
nos recônditos da mente
como uma ideia imprecisa
que quando se pensa, sente
e quando se sente, pensa,
numa confusão total,
num processo irracional
em que se esfuma a diferença
entre o que é ou não real.
Dos meandros disso tudo
nasce apenas um desejo:
distinguir o que não vejo
e é talvez o conteúdo
deste infinito bocejo
a caminho não sei de onde,
à espera não sei do quê.
Quem me ouve? Quem me vê?
A vida não me responde
e, afinal, ninguém me lê.
Fernando Pinto do Amaral
2 comentários:
Muito bonito...
poia... esqueci-me do poema.
Enviar um comentário