hoje existem em mim todas as dores do mundo. hoje dói-me ser, dói-me estar, dói-me ter lembranças, dói-me ter um cérebro, dói-me soluçar, dói-me a alma e as lágrimas e o corpo e tudo o que não me dói nos outros dias. é tão sôfrego o doer que pergunto se é real. não responde. mas dói e faz saber que só parará quando eu não quiser que doa mais. é tal a estupidez do querer, é tão intrinsecamente descontrolada que nem nele conseguimos mandar para que a dor intensa pare. já. se o corpo mandasse na alma o mundo era bem mais fácil. mas não é. num suspiro e numa lágrima mora toda a beleza do mundo, toda a sua profundidade. nunca jamais num sorriso. é na pureza da dor que se vislumbra a felicidade que há-de vir.
está a chegar.